Embora venha ocupando cada dia mais espaço nos noticiários – sites, telejornais, revistas -, a campanha eleitoral segue arrastada, sem novidades e sem despertar o interesse da população em geral. Tirando a militância, sempre disposta a incensar seu candidato nas redes sociais, o cidadão comum anda mais preocupado com os infortúnios do dia a dia como o aumento da inflação, o avanço da ômicron e o consequente crescimento dos casos de covid no país, o desemprego, o preço da gasolina, a elevação dos juros, e tantos outros problemas.
Os motivos para esse desinteresse são os mais diversos. Um deles pode ser a antecipação da campanha que praticamente iniciou abril do ano passado, quando o Supremo anulou as condenações de Lula pela Lava Jato por questões formais. A partir daí a foi dada a largada na disputa entre o ex-presidente e Bolsonaro pelo Planalto.
Outro ponto importante que tem desanimado o eleitor é a falta de novidades. Desde abril, pouquíssimas coisas mudaram no cenário eleitoral. Os números das pesquisas se mantêm praticamente estáveis, com alterações pontuais, mas mantendo a disputa entre Lula e Bolsonaro num eventual segundo turno.
O único fato novo até agora na campanha foi o lançamento do nome do ex-juiz Sérgio Moro, em novembro. O fato vinha sendo especulado há algum tempo e a confirmação alterou os números da pesquisa, rebaixando de Ciro Gomes do terceiro para o quarto lugar. Mas a grande novidade foi o fato de o ex-juiz trazer para o debate da sucessão presidencial a corrupção, tema incomodo tanto para Lula quanto para Bolsonaro. Por isso, vinha sendo deixado de lado.
De resto a campanha segue igual. Ciro Gomes se lançou candidato pela terceira vez, mas continua sem alavancar seu nome, mesmo com o marqueteiro João Santana tentando transformar seu temperamento explosivo em saudável rebeldia.
O MDB mais uma vez se preparando para abandonar sua candidata à própria sorte. Renan pai e filho deram início a traição, buscando um alinhamento com o ex-presidente Lula. O pai, senador, sonha em ver o filho, governador de Alagoas, como vice na chapa do petista.
O pior é que Renan faz isso sem qualquer cerimonia, ignorando solenemente a pré-candidata do partido, senadora Simone Tebet, lançada no início de dezembro. A propósito, um dos melhores nomes na disputa até o momento. Uma mulher inteligente, sensata, firme, mas com grande sensibilidade social.
Aliás, a infidelidade do MDB merece até um comentário mais aprofundando. Embora seja o partido com maior capilaridade em todo o país, com diretórios em todos os estados e em quase todos os municípios, a sigla tem a síndrome da traição em seu DNA. Nunca foi fiel aos seus candidatos. Nem Ulysses Guimarães escapou.
Na campanha de 1989, embora tenha sido o grande fiador da nova Constituição Federal, promulgada um ano antes, Ulysses, mesmo sendo o nome mais respeitado da história do MDB, foi traído e abandonado sem a menor cerimonia pelos seus companheiros de partido.
História que se repetiu em 1994 com o ex-governador Orestes Quércia e com a bela deputada Rita Camata, candidata a vice na chapa encabeçada pelo tucano José Serra, em 2002. Mais recentemente o traído da vez foi Henrique Meireles que teve menos votos que o Cabo Daciolo.
No PSD a natimorta candidatura de Rodrigo Pacheco parece que recebeu a última pá de cal do presidente do partido, Gilberto Kassab, essa semana. Kassab anunciou que vem conversando com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado nas prévias do PSDB, para que seja candidato do PSD à presidência.
Os tucanos também não andam atraindo o eleitorado, nem mesmo nas prévias houve interesse dos eleitores. Talvez seja o caso de o governador João Dória repensar sua candidatura.
É provável que a partir de abril os cidadãos passem a dar mais atenção as eleições. De qualquer foram, seria interessante que os candidatos sem empenhassem mais em ouvir os brasileiros e descobrir o quais os temas realmente interessam aos eleitores.