Quando Renan Calheiros anunciou sua candidatura a presidente do Senado, todos na análise política consideraram favas contadas. Afinal, era Renan.
Os fatos começaram a brigar com as avaliações quando foi vistoso o desgaste do alagoano com o impasse voto aberto x voto secreto na sessão de sexta-feira. Mas o emedebista era o candidato do sistema político e, supostamente, do presidente Bolsonaro e família, e do ministro da Economia Paulo Guedes…além do lulismo, que sofreu o quarto nocaute: 1º) Impeachment; 2º) Prisão; 3º) Derrota de Haddad.
Quando Flávio Bolsonaro declarou voto em Davi Alcolumbre a senha foi clara: era a vontade do capitão. Bolsonaro optou por não colocar a Previdência à frente da chance do governo controlar o Senado e passar recibo de ter se ajoelhado a Brasília. Gol de Onyx Lorenzoni, coincidindo com a indicação de Eduardo Bolsonaro como chefe continental do The Movement, a Internacional populista de direita de Steve Bannon. Mourão e seu “alt-gov” saíram menores.
Agora a luta establishment x Lava Jato vai às vias de fato. Ou é Game Over ou é “Severino Cavalcanti”. Neste aspecto, o governo poderia ter tido uma vitória melhor, pois Alcolumbre responde a denúncias que podem fragilizá-lo em seguida, respingando na gestão.
Na Câmara, o PSL pode levar a CCJ e a CTF. Auspícios para uma nova liderança no Congresso, a “direita raiz” com o DEM, após anos de centrismo pendendo à direita e à esquerda moderadas. Tais comissões podem virar moeda de troca do partido bolsonarista para encaminhar pautas conservadoras nos costumes e na segurança pública.
É um contrapeso ao chamado por uma coalizão à moda antiga que Maia fez, quando disse não ter certeza de que o governo dispõe dos 308 votos (quando marcou 334) da Reforma da Previdência. Todavia, por ora, o vetor na câmara baixa é enquadrar Bolsonaro num Lula 01: foco em reformas e não em agendas ideológicas porque cercado pelo establishment, com o fantasma de uma crise ética e, por isso, “persuadido” a recompor os ministérios em médio prazo sob o “jogo de Brasília”.
Mas a reforma do establishment a la Trump — e pela direita — começou.