Bolsonaro dá o primeiro canetaço rumo ao controle de preços

Hugo Chávez, o finado ditador venezuelano, começou assim: controlando os preços dos combustíveis. Deu no que deu

O tenente-coronel Hugo Chávez começou assim: uma meia-trava na PDVSA, estatal do petróleo, em nome do bem comum. O presidente Jair Bolsonaro interveio na política de preços da Petrobrás temendo uma greve de caminhoneiros.

A ex-presidente Dilma Rousseff deu um canetaço pensando no consumidor. Nada de novo no céu da Dinamarca, diria Shakespeare se estivesse aqui, ou nada de novo no front, como disse Erich Maria Remarque. Tantas citações para sugerir que a vaca está a caminho do brejo.

Pela cara que fez o ministro da Economia, Paulo Guedes, quando o repórter lhe perguntou, em Washington, sobre a medida ordenada pelo presidente da República mandando a Petrobrás dar meia-volta no reajuste do óleo diesel pode-se fazer uma ideia do turbilhão que se formou na cabeça do ministro.

Aqui, mando eu

Até onde vai o presidente? Chávez começou assim, numa primeira medida populista. Tomou gosto e deu no que deu. Que responda sobre o bem-estar venezuelano a população de Boa Vista, em Roraima.

O certo é que a área econômica não foi ouvida. A análise que empurrou o presidente ao gesto açodado, tomando uma medida estratégica no meio de uma festividade no Amapá, foi do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Isto é trombada certa do gaúcho com Paulo Guedes. Ou “pechada”, como se diz nos pampas de Onyx.

Mas a verdade é que, como dizia o líder chinês Mao Tsé-Tung, foi dado o primeiro passo nessa longa marcha rumo ao controle de preços no setor de combustíveis.

 

A realidade é que o presidente pareceu satisfeito quando anunciou o adiamento do reajuste. Com cara de quem diz “aqui mando eu”, revelou que na terça-feira vai chamar o gabinete econômico às falas, querendo saber tudo tim-tim por tim-tim: qual o preço de extração do petróleo, o custo do refino, do transporte, para ver se a Petrobrás está cobrando o preço justo ou avançando no bolso dos caminhoneiros gananciosamente.

Às favas os alinhamentos com o mercado internacional. Afinal, o petróleo não é nosso, como se dizia nos tempos do presidente Getúlio Vargas?

Imagina-se como se portará Guedes diante de tais argumentos e da política de preços que esta atitude sugere. Vai sair chispa no terceiro andar do Palácio do Planalto.

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