Assim como Jair Bolsonaro viabilizou sua vitória à presidência da República como o anti-Lula e o anti-PT, o senador Davi Alcolumbre (AP), até então desconhecido para a maioria dos brasileiros, conquistou o comando do Senado como o candidato anti-Renan.
Resta saber se a vitória do ‘anti’, mais uma vez, será capaz de mudar os rumos do Parlamento e do país.
Se Lula e o PT ajudaram a alçar Bolsonaro do baixo clero no Congresso para o Planalto, subestimando a indignação dos brasileiros com a corrupção revelada pelos escândalos do ‘mensalão’ e ‘petrolão’, pode-se dizer que o senador Renan Calheiros também contribuiu de maneira decisiva para a vitória de seu adversário na última sexta-feira.
Inconformado com o topete de Alcolumbre, que se valendo do fato de que ser o único integrante da mesa passada do Senado salvo pelas urnas assumiu o comando da sessão da Casa na sexta-feira, Renan acabou enfiando os pés pelas mãos.
Pego de surpresa, o então favorito na disputa pela presidência do Senado permitiu que a frieza, com que conduziu seus principais passos na vida pública, cedesse espaço a uma estratégia atabalhoada de tirar a força o adversário do comando da sessão.
Com a ajuda da colega Kátia Abreu, que chegou a tomar a pasta que Alcolumbre consultava para presidir a sessão, Renan perdeu o controle da situação e virou meme na internet, outra força poderosa que tem ajudado a quebrar a lógica da política tradicional.
A nova ordem da política brasileira, no entanto, tem de estar preparada para as próximas ondas que certamente serão promovidas pela web, que assim como constrói mitos, os destrói sem nenhuma cerimônia.
Os representantes da ‘nova’ política, que não são tão novos assim, seguem na dianteira, mas a primeira semana legislativa deverá mostrar se essa turma conseguirá se manter unida para trabalhar a favor do Brasil e não apenas ‘anti’ alguma coisa ou alguém.
O pacote de medidas que o ministro Sérgio Moro apresentará nesta segunda-feira (4) aos governadores, como linha mestra do governo para combater o crime organizado e a corrupção, deverá ser o novo assunto da pauta política.
Com tantos protagonistas da ‘nova’ e da ‘velha’ política enrolados, não será fácil essa turma se unir a favor das mudanças que os eleitores esperam.