Após anos seguidos de prosperidade, riqueza e prestígio internacional, as elites decidiram vocalizar de uma forma mais obscura, mas cada vez mais definida, sua inconformidade com o terremoto executado pelo semianalfabeto torneiro mecânico nas estruturas sociais do Brasil.
Deixando de lado a erradicação da fome e da miséria no país, políticas voltadas ao impulsionamento da economia e um crescimento vertiginoso, sem dúvida de responsabilidade do governo petista, que ajudou alavancar o Brasil à sétima economia do mundo, há de se considerar, no momento atual, que o ódio contra o Lula é mais forte do que o compromisso com a modernização da sociedade brasileira.
Pode-se, certamente, discutir o acerto e a eficiência dos programas sociais executados pelo ex-presidente petista na área comunitária. Vai-se tornando cada fez mais claro e nítido para todos, porém, que as elites não engoliram, em nenhum momento, que a negra saísse da cozinha do Lago Sul para cursar Medicina na respeitada Universidade de Brasília (UnB).
Não há, diante do novo presidente, como negar que a imagem do Brasil mudou no exterior. O país passou a ser alvo de ataques nos principais jornais do mundo.
Jair Bolsonaro é o reflexo das elites do país. Por exemplo, no governo Lula, o Brasil era tratado como importante parceiro dos Estados Unidos. No atual cenário, o presidente, por vontade própria, decidiu que o país assumirá o papel de colônia do Tio Sam. Admita-se, também, que era muito difícil engolir, na administração do PT, que os americanos estavam desembarcando no Brasil em busca de melhores condições de vida.
Seria ingenuidade acreditar que a oposição deixaria Lula ficar na história como o melhor presidente do Brasil. Os feiticeiros de plantão criaram a Lava Jato. Num país em que a Justiça valesse para todos, a luta contra a corrupção seria em todos os níveis, e a Polícia Federal visitaria todos os endereços conhecidos. Até agora, todavia, as investigações têm sido voltadas para atender aos interesses das elites.
O cidadão brasileiro que paga impostos, mesmo que não seja politizado, não percebe que vem sendo bombardeado com notícias da corrupção e o PT. A ideia é que Lula e os seus companheiros criaram a contrafação no país. O eleitor não entende nitidamente quando e por que o direito de receber uma informação correta lhe é confiscado.
Assim como percebe, num ônibus lotado, que uma mão esperta entrou no bolso do seu paletó e vai, inevitavelmente, bater-lhe a carteira.