Sempre digo que as fotografias de jornalismo referem-se ao futuro tanto quanto propriamente ao presente e ao passado. Há nelas uma impressionante carga de premonição. É só reparar com maior atenção nos elementos e em cada um dos personagens que nelas estão. São pequenos detalhes que, _as vezes mesmo sem perceber, o fotógrafo acaba enxergando ou o destino cuida de indicar.
No dia 5 de fevereiro Jair Bolsonaro reuniu-se com um grupo de ministros e o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, no Palácio Planalto. O encontro tinha o objetivo de discorrer aos jornalistas sobre a composição de preços dos combustíveis. Expôs lá seu descontentamento com os valores da gasolina, óleo diesel. Falou da carga dos impostos federais e estaduais etc.
É conhecida a aversão de Jair Bolsonaro ao uso de máscara. Onde quer que vá e sempre que fala do assunto prevenção contra a Covid, expõe seu pensamento de que as máscaras não têm eficácia prática e objetiva de proteção. Tanto que seus auxiliares diretos também não as usam.
Um fotógrafo que faz cobertura de um setor tão importante quando a Presidência da República tem de estar atento em tudo, nos mínimos detalhes. Em minúcias que aparentemente não possuem nenhum valor informativo. Pode até ser mera e banal coincidência. Mas não é. Há casos mil que comprovam a minha afirmativa.
Repare bem nessa foto lá de cima. O único do conjunto de senhores que dela tomam parte a usar máscara é justamente Roberto Castello Branco.
Pois bem. Poucos dias depois, o próprio Jair Bolsonaro foi às redes sociais da Internet para anunciar a substituição de Roberto Castello Branco na presidência da Petrobrás.
No sábado, durante uma viagem a Campinas, Jair Bolsonaro fez crítica velada a Roberto Castello Branco. Disse que em tempos de pandemia da Covid, o presidente da maior empresa do Brasil trabalhava de casa.
Ah, só mais um pequeno detalhe: veja que o tapete que enfeitava a cerimônia termina justamente onde está o ainda presidente da Petrobrás. O fim do caminho.