Há sobra ou falta de candidatos para a próxima eleição presidencial, em 2018?
Se contarmos, até agora os possíveis pretendentes à cadeira do Planalto somam bem mais de uma dezena: Lula, Bolsonaro, Marina, Ciro Gomes, João Dória, Alckmin, Henrique Meirelles, Haddad, Joaquim Barbosa, Ronaldo Caiado, Luciano Huck, Álvaro Dias, Aldo Rebello… Há também quem sonhe com o juiz Sérgio Moro e, de uma semana pra cá, com o general Antonio Hamilton Mourão. E também com a ex-apresentadora de tevê e atriz Valéria Monteiro.
Nem todos têm chance. Mas ao mesmo tempo, quase todos acham que sim. Cada um tem um porém e um por quê.
Lula, como se diz, é bom de voto. Foi presidente por dois mandatos e influiu decisivamente na eleição de Dilma Rousseff outro par de vezes. É o grande nome do PT para concorrer ao lugar de Michel Temer ano que vem. A candidatura de Lula, porém, não depende somente de sua vontade. Condenado a nove anos e meio na Operação Lava-Jato, está à espera da confirmação da pena em segunda instância. Se a sentença for mantida, estará fora do pleito.
O deputado Jair Bolsonaro, ex-capitão do Exército, percorre o país, já em campanha. Aonde chega é recebido por seus adeptos com festa e euforia. Em seus discursos evidencia o combate à violência e a moralidade pública. Aliás, todos fazem referência idêntica. Considerado “direitão”, nunca teve experiência no Executivo.
Marina Silva, agora da Rede Sustentabilidade, já concorreu outras vezes com discurso primordialmente em defesa da natureza, o mote do PV-Partido Verde. Foi senadora por seu estado natal, o Acre. Também promete moralização na política. Os críticos dizem que Marina pensa que o Brasil é um bosque.
Ciro Gomes também já foi candidato ao Planalto. Tido como destemperado e de atitudes repentinas, estava na condição de “reserva” de Lula. Caso o ex-presidente fosse impedido de concorrer, ele poderia, poderia, ser o nome do Partido dos Trabalhadores. Entretanto, o pessoal do politburo do PT já declarou que na impossibilidade de Luís Inácio concorrer, a vaga fica para Fernando Haddad.
O atual prefeito de São Paulo, João Dória é, digamos, nome novo no cenário nacional da política. Derrotou Haddad ainda no primeiro turno. Uma vez por semana, tem agenda fora da capital paulista. Se movimenta em Brasília, pelo Nordeste e demais regiões. Embora apareça bem no ranking das pesquisas, terá dificuldade para sair candidato pelo PSDB, pois o governador Geraldo Alckmin tem precedência. Precedência e chances reais de vencer em 2018.
O ex-ministro Joaquim Barbosa jamais confirma sua presença na lista de candidatos. Mas sempre deixa no ar a possibilidade. Mineiro da pequena cidade de Paracatu. Ainda jovem mudou-se para Capital. Formou-se em Direito na UnB-Universidade de Brasília e fez pós-graduação na França. Foi oficial-de-chancelaria do Ministério das Relações Exteriores, serviu na Finlândia. De volta ao Brasil, tornou-se advogado do Serpro. Foi escolhido ministro do Supremo Tribunal Federal, pelo então presidente Lula. Foi também presidente do STF, o primeiro negro a ocupar cargo de tal relevância. Coube a Joaquim Barbosa a relatoria do escândalo do “mensalão” na Suprema Corte. Em seu voto, determinou a prisão de nomes importantes envolvidos no processo, por exemplo, José Dirceu.
O PSD-Partido Social Democrático, do ministro Gilberto Kassab, pensa em lançar Henrique Meirelles, que é ministro da Fazenda do governo Temer e foi presidente do Banco Central na Era Lula no Planalto. O sucesso da economia pode leva-lo a uma candidatura competitiva. O médico e pecuarista Ronaldo Caiado tem seu nome falado por todos os parlamentares do DEM, o partido Democratas. Jamais, porém, deixa pista se continuará com sua cadeira de senador, se concorrerá ao governo de Goiás ou se sairá candidato a presidente.
Na verdade, há sempre uma enxurrada de nomes citados numa eleição presidencial. Em 1989, por exemplo, a primeira após 24 anos do regime militar, 22 candidatos concorreram. Fernando Collor acabou se elegendo, com Itamar Franco de vice.
Se não tomou corpo a candidatura de Luciano Huck, outra apresentadora de tevê se ofereceu ao eleitorado na semana passada. É Valéria Monteiro, 52, que do fim dos anos 1980 ao início dos 1990, embelezou a telinha da Globo apresentando o Fantástico nos domingos. Agora, Valéria divulgou um vídeo em sua página do Facebook anunciando sua pré-candidatura. Não tem partido e nem falou de sua plataforma de governo. Mas deixou no ar uma pergunta e uma resposta: – Você acha que a política não tem mais jeito? Não tenho experiência, mas estou me lançando para sentir a receptividade.
Conjecturas, boatos e esperanças nunca faltam. Existe quem acredite que Aécio Neves recupere sua imagem. Há sempre um brasileiro dizendo-se pessoa adequada para dirigir o País. O general da ativa Hamilton Mourão fez palestra numa loja da Maçonaria em Brasília e deixou muita gente de cabelo em pé, com a sensação de ameaça de intervenção militar para substituir assumir o comando da República. Sua apresentação com power-point foi carregada de críticas e praticamente um programa de governo.
Aldo Rebello, ex-ministro de Lula e Dilma, antigo quadro do PCdoB por quase 40 anos, deixou o partido há pouco mais de dois meses. Muita gente garante que sua filiação ao PSD tem um objetivo: ser candidato a presidente. Há quem garanta, porém, que Aldo pode ser vice na chapa de Geraldo Alckmin. O senador Álvaro Dias, do Podemos, do Paraná, também é candidato.
Bem, nem estamos falando de novos nomes que, com certeza, surgirão até a hora do registro de candidaturas. Ou não…
E você, quem você acha será também candidato?