Jardins da Quinta da Boa Vista, no Rio. Na manhã de domingo, o surpreendente passeio de uma jovem risonha com trajes de dama da corte do Império pedalando uma bicicleta antiga fabricada há mais de cem anos. A Quinta, localizada no bairro de São Cristóvão, foi residência da família real brasileira, de D. João VI, Pedro I e Pedro II.
A cena tão pitoresca chamou-me atenção. Fiz a foto e depois quis saber mais sobre o tema. Sobre a loirinha vestida de rosa, o jardineiro disse-me não ter a menor ideia do que a levara a pedalar ali. E sobre as bikes, um historiador contou-me que há controvérsias. Os italianos garantem que foi Da Vinci o inventor da bicicleta, pois encontraram nos alfarrábios de Leonardo desenhos datados de 1490, tal e qual as bicicletas apresentam hoje. Os franceses dizem que foram eles e os alemães também. Mas pesquisadores de egiptologia afirmam ter descoberto registros de que na época dos faraós já havia gente se locomovendo sobre duas rodas.
No Brasil, é certo que chegou à época de D. Pedro II, em torno de 1870, pouco antes de ser deposto da monarquia pelos republicanos. O imperador não perdia as feiras de ciências de Paris. Era lá que as grandes novidades de então eram apresentadas ao mundo. E foi de uma dessas idas à França que o imperador trouxe, por exemplo, o telefone, a câmara fotográfica, o selo postal. Há indícios de que a primeira bicicleta a desembarcar no Brasil foi trazida no navio real por um convidado abastado que tomava parte da comitiva de sua majestade.
Controvérsias à parte, a bicicleta é hoje não somente um meio de transporte, mas também equipamento de lazer, de competição esportiva, de uso comercial e na medicina. É considerada a máquina ideal, já que é movida pelo próprio usuário, não ocupa espaço, poupa tempo e, sobretudo, não polui o meio-ambiente. Estima-se que haja espalhadas pelo planeta em torno de um bilhão de bicicletas, sejam as tradicionais, as de bicicross ou moutain bike.
Mas voltando ao meu caso, até hoje não sei que diacho levou a carioquinha aí da foto a pedalar e vestir-se à moda do século XIX. Talvez seja herdeira daquele amigo do rei.