Você me desculpe, não é a primeira vez que publico este post. Mas o repito porque a história é bem interessante.
Ônibus segue para Favelândia, pequeno distrito do município de Bom Jesus da Lapa, na beira do Rio São Francisco, no interior da Bahia.
Como foi — Voltando de uma cobertura de campanha presidencial, eu estava seguindo de automóvel de Guanambi para a cidade da Lapa. Na estradinha de asfalto ralo e cercada pela vegetação do sertão baiano, cruzei por esse ônibus, cujo destino estava escrito com tinta verde na lataria traseira: Favelândia.
Minha curiosidade de jornalista acostumado com tanta coisa moderna das grandes cidades não resistiu em segui-lo. Fui até lá, comboiando o coletivo até seu destino, Favelândia. Ao chegar, deparei-me com uma cidade miudinha, mas limpa, aprazível e tranquila.
Naquela que deve ser a única praça do vilarejo, numa faixa anônima pendurada com arame entre dois postes, lia-se:
“Viver é realizar o impossível”.
Horas depois, já a bordo de um confortável jato para São Paulo, com escala na moderna capital Brasília, pus-me a pensar:
– Para muita gente, a palavra favelândia serve somente para designar com desapreço um lugar. Para outros não. Ao contrário, é o orgulhoso nome da cidade que escolheu para morar.
Aliás, a palavra favela – de tamanha tradição na história do Rio de Janeiro, por exemplo – passou a significar “sujeira”. Tanto que a substituíram por outra: comunidade.