Essa é mais uma história curiosa que a gente encontra na seara do poder.
Vendo o sucesso do irmão no jornalismo, o garoto Thieres Pinto também quis trabalhar numa equipe de tevê. Seu mano Normando Parente Pinto, o “Careca”, era dos mais queridos cinegrafistas das tevês em Brasília. Descontraído, espirituoso, boa gente. Sempre ganhava prêmio de autor das melhores imagens do ano, como aconteceu em 1978. Normando, o irmão de Thieres, era o orgulho da família de cearenses da pequenina cidade de Trapiá que, fugindo da seca, acabou parando na Capital do País.
Thieres então conseguiu o primeiro emprego de sua vida: auxiliar de cinegrafista, mais conhecido em nossa profissão como “pau-de-luz”, aquele encarregado de segurar as lâmpadas que iluminam uma filmagem. Meses depois foi promovido a cinegrafista. Trabalhou durante anos em vários canais de televisão. Nem sei quantas vezes eu mesmo encontrei-me com Thieres, o irmão do “Careca”, na cobertura do dia-a-dia no Palácio Planalto, na Câmara e no Senado.
O tempo passou e Thieres resolveu deixar de ser empregado e abrir seu próprio negócio. Inaugurou uma pequena produtora de vídeo. Passava agora a produzir filmetes comerciais, vídeos promocionais, trabalhar em campanhas de produtos. A crise econômica fez ficarem raros os clientes. Thieres então passou a viajar pelo interior do Brasil em busca de trabalho, já que estava perto o tempo das eleições. Foi parar na Amazônia. Em Roraima.
Um belo dia, no fim da tarde, Thieres estacionou o carro num posto de gasolina para reabastecer o automóvel, tomar um café, descansar. Na mesa ao lado estava um ex vereador roraimense chamado Telmário Mota, que também havia sido candidato a prefeito da capital, Boa Vista.
Conversando, Telmário lhe disse que desejava se candidatar ao Senado, mas que não dispunha dos recursos necessários para alimentar seu programa do horário eleitoral com material videográfico. Pronto. Thieres se dispôs a fazer a campanha, com uma condicionante: ele seria o suplente de Telmário Mota. Passaram a trabalhar juntos, em busca de votos. Mota com o conhecimento que tinha nas cidades de Roraima e Thieres com seu conhecimento de mídia. Foram eleitos. Telmário senador, Thieres suplente.
Diante da perspectiva de assumir uma cadeira na Câmara Alta da República numa eventual ausência do titualar Telmário Mota, Thieres Pinto não pensou duas vezes. Para dotar-se de maior conhecimento do processo parlamentar, bateu à porta do ILB-Instituto Legislativo Brasileiro, uma instituição do Congresso Nacional destinada à formação na ciência política.
Em 15 de dezembro do ano passado, o ex-auxiliar de uma equipe de filmagem de tevê e dono de uma pequena produtora de vídeo tomava posse como senador República, com a licença do titular da cadeira.