Pequena história do cotidiano – Original, importado, genérico ou autêntico ?

"Importado, original ou autêntico" - Foto Orlando Brito

Era véspera de Natal e eu estava dirigindo pela cidade. De acordo com as leis do trânsito, parei o automóvel para fazer uma ligação telefônica usando meu bravo celular. Foi quando me deparei com uma realidade desagradável do mundo moderno: a bateria descarregada do telemóvil.

Não quis voltar à minha casa para apanhar o carregador. Era mais fácil, imaginei, resolver a questão ali mesmo, perto de onde eu estava. Afinal, hoje em dia em qualquer esquina ou rua há sempre um vendedor de quinquilharias eletrônicas pronto para resolver esse tipo de problema. E eu estava passando sobre a Rodoviária de Brasília, um paraíso de ambulantes. Precisava de um carregador que, ligado à tomadinha do meu carro, me devolvesse força suficiente para minha chamada telefônica.

– Preciso de um carregador para esse telefone. Você tem aí?, indaguei a esse moço ai da foto.

-Sim senhor. Você quer original, importado, genérico ou autêntico?, retrucou o vendedor.

Caramba, pensei… IMPORTADO, ORIGINAL, GENÉRICO ou AUTÊNTICO??? ! Quanta opção!!! Quatro alternativas. Que sensacional.

No afã de restabelecer a carga do celular e na dúvida de qual dos quatro tipos resolveria com acerto minha questão, não hesitei. Comprei dois. Afinal, era baratinho. Vinte reais pela dupla de peças. Levei o “importado” e o “original”. Desprezei o “autêntico” e “genérico” porque achei o jeitão de ambos meio suspeito.

Retornei radiante ao carro com a certeza de que havia resolvido o dilema da bateria descarregada.

Evidentemente, não deu certo. Decepção. Nenhum dos dois carregadores funcionou. Nem o “original”, nem o “importado”.

De volta ao ambulante, relatei o insucesso de minha compra. Prontamente, ele substituiu o “original” e o “importado” pelos “genérico” e o “autêntico”.

O resultado? Perfeito! Até hoje as duas pecinhas suspeitas estão funcionando perfeitamente.

Cada uma…

OrlandoBrito

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