Na época do regime militar, o ritual de subida e descida da rampa do Palácio do Planalto era algo sagrado na agenda diária do cerimonial da Presidência da República, desde os generais Castello Branco, Costa e Silva e Garrastazu Médici.
Com o “Alemão” Ernesto Geisel não foi diferente. Mas como não gostava de festas, nas terças-feiras, subia, nas sextas, descia.
O alto escalão do governo não perdia nem uma nem outra ocasiões. A acompanhar Sua Excelência, sempre estava o vice Adalberto Pereira dos Santos. Também os chefes dos gabinetes Civil e Militar e o do SNI, generais Hugo Abreu, Golbery do Couto e Silva e João Figueiredo. E ainda o ministro do Planejamento, Reis Velloso, além do secretário particular de Geisel, major Heitor Aquino Ferreira.
Ao pé da rampa, o baixo escalão: funcionários e funcionárias devidamente uniformizados e enfileirados. Para ficarem de acordo com o espírito da cerimônia, alguns homens usavam farda de escoteiro e algumas mulheres, de bandeirante. A maioria, porém, não escondia o desconforto de deixar o trabalho em seus gabinetes para atender ao “convite” para prestigiar a cerimônia.
Nos idos de 1984, João Figueiredo, então presidente, chegava ao Palácio do Planalto repetindo o ritual usado pelo antecessor, Esnesto Geisel. A acompanhá-lo, os generais Danilo Venturini e Golbery do Couto e Silva – auxiliares diretos de seu gabinete – além do chanceler Ramiro Saraiva Guerreiro. Mais atrás, o diplomata-chefe do Cerimonial da Presidência e o ajudante de ordens. Para dar colorido à festa, soldados do Batalhão da Guarda Presidencial e dos Dragões da Independência usam uniformes de gala.
Agora, na Era Bolsonaro à frente da República — em tempos da pandemia do Coronavírus e crise com o Congresso, o Supremo e vários governadores — a rampa tornou-se ponto predileto para que o que presidente tenha intelocução com seus fãs que vão ao Planalto manifestar apoio a ele. No domingo passado, por exemplo, quando esteve com cerca de 300 apoiadores, fez questão que 11 de seus ministros estivessem ao seu lado.