Jair Bolsonaro e Fernando Haddad, classificados para o 2° turno da eleição presidencial, vão intensificar ainda mais suas agendas. Com certeza, não haverá mais a muvuca dos últimos dias. Agora é tempo de dosar a presença física nas ruas com os debates nas tevês e, sobretudo, conversas para obter apoios e traçar estratégias para chegar à vitória.
Haddad, logo após o anúncio de sua passagem para o 2° turno, embarcou para o Paraná. Foi encontrar-se com o ex-presidente Lula, preso na sede da Polícia Federal de Curitiba. Jair Bolsonaro tratou de gravar vídeo ao lado do economista Paulo Guedes, que poderá ser seu ministro da Fazenda, caso vença. Repetiu seus planos de governo. As redes sociais serão cada vez mais usadas tanto por Bolsonaro quanto por Haddad.
Os onze candidatos que não foram para o 2° turno começam a retomar o ritmo normal de suas vidas. Acabaram-se as montanhas de compromissos, as idas e vindas pelos vários estados do Brasil, as incontáveis entrevistas, o vaivém das carreatas, comícios, passeatas e, enfim, a renhida luta pelo voto. Agora, uns voltarão para casa, outros não.
Marina Silva, por exemplo, tirou os primeiros dias depois da extenuante campanha para dedicar-se momentos de paz em sua terra natal, o Acre. Como todos os candidatos derrotados, também agradeceu a militância pela garra durante a corrida eleitoral. Passou a comunicar-se pelo Twitter. Divulgou uma foto desfrutando da companhia de familiares e amigos e mandou mensagem aos classificados para próxima etapa da eleição: – Como democrata, eu respeito o resultado das urnas e cumprimento os dois candidatos que foram ao 2º turno. Fizemos uma campanha linda, baseada em propostas e propósitos. Infelizmente, caímos mais uma vez na velha polarização que se tornou tóxica.
O Cabo Daciolo nem alterou a rotina que adotou durante a campanha. Passou parte dela em retiro espiritual e jejum numa montanha, que na verdade, ninguém sabe onde fica. O candidato a presidente pelo partido Patriota acreditava piamente que suas orações o levariam à vitória ainda no primeiro turno com 51% dos votos. Sua antevisão não se concretizou. Ele obteve somente 1,26 %, mas continua em recolhimento religioso.
O empresário João Amoedo, do Novo, também não passou do 1° turno. Viajou por todo do país carregando ele mesmo sua pequena bagagem. Fez o que pode para ser eleito presidente. Não teve sucesso. Mas conseguiu contribuir para eleição de oito deputados federais e doze estaduais. E mais, colocar no 2° turno o companheiro de partido Romeu Zema, que continua na disputa do governo de Minas contra Antonio Anastasia.
Geraldo Alckmin não teve sossego na campanha. Também viajou o Brasil inteiro em busca de votos. Usou as redes sociais e com afinco os programas da propaganda política do Tribunal Superior Eleitoral. Mas não logrou êxito. Quando abriram-se as urnas, encontrou a dura realidade: de 4,76% de votantes a seu favor. Agora vai dispor de tempo mais ameno. Curtirá seu apartamento no Morumbi com a família e depois estará em Brasília para reunir os tucanos e avaliar os destinos do PSDB.
Ciro Gomes empreendeu ritmo bem acelerado em sua campanha. Não houve um dia em que deixasse de dar atenção total à luta pelo voto. Sempre acompanhado da mulher, Gisele, cruzou o país de Norte a Sul, Leste a Oeste. Não faltou aos debates, palestras, passeatas e enfim toda movimentação que uma campanha para presidente exige. Acabou sendo surpreendido com problema de saúde que o levou ao Hospital Sírio e Libanês, em São Paulo. Recuperou-se rápido de uma pequena cirurgia na próstata. Ciro obteve 12,47% da votação e sua caminhada rumo ao Planalto não foi adiante. Em Fortaleza, logo após saber o resultados das urnas, foi buscar descontração num barzinho perto de sua casa, longe do sufoco. Depois, aliás, antes de embarcar com a esposa Gisele para a Europa, declarou apoio tímido a Haddad.
Os demais candidatos certamente também terão dias menos agitados. O ex-ministro Henrique Meirelles ficará em São Paulo até a realização do 2° turno e depois viajará para o Exterior. Álvaro Dias, após a agitação da campanha, ficou 48 horas no Paraná, mas já nessa semana reassumiu seu mandato de senador em Brasília e subirá à tribuna para discursar sobre a corrida para o Planalto.
O jovem Guilherme Boulos não quer saber de tempo para descanso. Vai arregaçar as mangas para entrar de corpo e alma na eleição de Fernando Haddad. Vera Lúcia não teve na campanha movimentação diferente de sua rotina diária como militante do PSTU, já que está sempre viajando pelo Brasil.
José Maia Eymael e João Goulart Filho nem divulgavam suas agendas no auge da campanha. E agora, findo o 1° turno e sem os esforços para conseguirem chegar ao Planalto, difícil será saber o que farão nos próximos dias, quando Bolsonaro e Haddad estarão a mil em busca da vitória.