Não agradou ao Palácio do Planalto o depoimento do almirante Antonio Barra Torres, presidente da ANVISA, na CPI da Covid. Nas respostas às questões postas pelos senadores, Barra Torres deixou claro que suas opiniões diferem das de Jair Bolsonaro, de quem é amigo pessoal.
Por exemplo, ao contrário de Bolsonaro, Barra Torres diz-se favorável aos protocolos recomendados pela ciência no enfrentamento à Covid: a vacinação, o uso de máscaras e álcool gel e o isolamento das pessoas como forma de conter o contágio. Disse também que discordar desses protocolos não guarda qualquer razoabilidade.
Sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid, o presidente da ANVISA, lembrou que há estudos e pesquisas no Brasil e em outros países e nenhum deles a definiu como medicamento eficaz. E mais, confirmou o que disse o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta quando fez o primeiro depoimento à CPI: ter mesmo havido no Palácio do Planalto uma reunião em que se pretendia a elaboração de um ato de governo para mudar a bula da cloroquina.
Enquanto Barra Torres concluia seu depoimento da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado, Jair Bolsonaro participava no Palácio do Planalto da cerimônia de assinatura de uma portaria que faculta recursos de até um bilhão de reais para combater a Covid-19. É praxe nessas solenidades a fala do presidente. Mas não foi o caso. Jair Bolsonaro não discursou. Em sua defesa, os ministros Marcelo Queiroga e João Roma fizeram elogios ao presidente ao usarem o microfone.
No começo da noite, ao chegar no Alvorada, Bolsonaro teve o contumaz encontro com apoiadores. Perguntado sobre a CPI, não citou o nome do amigo Barra Torres.
Nessa quarta-feira, Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, irá depor prerante os senadores. E no próximo dia 19, será a vez do general Eduardo Pazuello, terceiro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro.