Depois de uma acirrada campanha que começou ainda no primeiro semestre e se estendeu até ao sábado passado, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal já tem os seus eleitos. Havia previsão de que a renovação de antigos parlamentares seria pequena. Porém, o resultado das urnas demonstrou uma realidade bem diferente. Muitos nomes que se esperava fossem permanecer no cenário nacional da política foram derrotados. E outros chegaram como grande surpresa.
No Rio de Janeiro, por exemplo, as principais pesquisas de intenção de voto acertaram quando detectaram a vitória de Flávio Bolsonaro, filho de Jair candidato a presidente pelo PSL. Mas erraram feio na medida em que não perceberam quem iria ficar com a segunda cadeira do Senado. Cravavam César Maia, pai de Rodrigo presidente da Câmara Federal. Davam Arolde de Oliveira em terceiro. Mas este acabou conquistando a vaga. Assim como César não se elegeu, também não se elegeram nomes bem conhecidos do eleitor: Lindbergh Faria, Miro Teixeira, Chico Alencar e o Pastor Everaldo.
Em São Paulo o favorito era Eduardo Suplicy, que acabou na terceira posição, seguido por Mauren Maggi e Mário Covas Neto. As duas cadeiras do Senado foram para o Major Olímpio, aliado de Jair Bolsonaro, e Mara Gabrilli. Ela troca o mandato de deputada federal pelo PSDB para ocupar a cadeira de Marta Suplicy, que desistiu de disputar eleições.
Talvez a derrota que causou a maior surpresa foi a de Dilma Rousseff em Minas Gerais. As estatísticas a apontavam como a preferida do eleitorado. Porém, quando as urnas foram abertas a ex-presidente da República perdeu. Ficou em quarto lugar e não retornará a Brasília. Já no Amapá, Janete Capiberibe, que deixava o mandato de deputada para tentar vencer no Senado, não foi eleita. Mas Randolfe Rodrigues conseguiu a reeleição.
Um dos “nomes novos” no Senado é o Capitão Styvenson. Ele e a Doutora Zenaide Maia vão ocupar as cadeiras do Rio Grande do Norte no lugar de duas “velhas raposas”, potiguares: Garibaldi Alves e José Agripino. Mato Grosso do Sul renova as duas vagas destinadas ao Estado. Ao invés de Waldemir Moka, Zeca do PT e Delcídio do Amaral, virão Nelsinho Trad, que já foi prefeito de Campo Grande, e Soraya Thonicke, do PSL de Jair Bolsonaro.
Outra grande surpresa na eleição para o Senado, ficou reservada para o Ceará. O atual presidente da Casa, Eunício Oliveira, perdeu seu mandato com uma diferença de treze mil votos para o segundo colocado, Eduardo Girão. O mais votado foi Cid Gomes, irmão de Ciro. Em Goiás, mais surpresas. O grande favorito era o ex-governador Tucano Marconi Perillo. Amarga o quinto lugar na lista de votação, atrás dos atuais senadores Wilder Morais e Lúcia Vânia. Os novatos Vanderlan e Jorge Kajuru serão os representantes goianos.
No Espírito Santo, renovação das duas cadeiras. Os dois atuais senadores capixabas, Ricardo Ferraço e Magno Malta, que quase foi vice de Bolsonaro, entregam seus mandatos para os novatos Fabiano Contarato e Marcos Do Val. O Maranhão terá também bancada renovada. Weverton e Eliziane Gama chegarão a Brasília para substituir o veterano Edison Lobão e o ex-ministro Sarney Filho.
O Distrito Federal elege pela primeira vez uma mulher para o Senado. É a jovem Leila Barros, atleta campeã olímpica com a Seleção Brasileira de vôlei. A outra vaga é do tucano Izalci Lucas. O professor Cristovam Buarque não conseguiu renovar seu mandato pela terceira vez. O estado de Mato Grosso também contribui com a renovação no Congresso. Virão para Brasília a juíza Selma Arruda e Jayme Campos, que já teve mandato na Casa.
Uma das mais aguerridas parlamentares na defesa do ex-presidente Lula é a senadora Vanessa Grazziotin, do Amazonas. Porém ela não retornará a Brasília como parlamentar na próxima legislatura porque ficou em quinta colocação. Eduardo Braga conseguiu manter seu mandato e para segunda vaga, foi eleito o tucano Plínio Valério. O Pará está reconduzindo Jader Barbalho para o Senado. Com ele, Zequinha Marim.
Ciro Nogueira, presidente do PP, fez coligação no Sul com Geraldo Alckmin, mas em sua terra foi para o palanque de Lula. Reelegeu-se. O outro senador será Marcelo Castro. O cantor Frank Aguiar ficou em quinto. A Paraíba também reservou surpresas para essa eleição. Dois nomes tidos como prediletos dos eleitores não venceram: Cássio Cunha Lima,, do PSDB, e Luiz Couto, do PT. Quem desembarcará na capital federal será Veneziano e a jovem Daniela Ribeiro.
O Paraná não reconduziu o veterano Roberto Requião. Nem elegeu Beto Richa, que foi governador e esteve preso pela Polícia Federal durante a campanha. Lembrando que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não disputou o Senado e sim a Câmara Federal. As duas cadeiras destinadas aos paranaenses ficam para Alex Canziani e Mirian Gonçalves. Sergipe terá também dois nomes novos: o Delegado Alessandro Vieira e Rogério Carvalho Santos. Em Sergipe, o ex-governador Jackson Barreto, o ex-senador Antônio Carlos Valadares e o ex-líder na Câmara Federal André Moura não foram vitoriosos.
Pernambuco reelegeu Humberto Costa do PT. Jarbas Vasconcelos, que já foi senador, deputado e governador volta a Brasília para mais um mandato. Humberto e Jarbas ficaram à frente de Mendonça Filho, Bruno Araújo e Silvio Costa. O estado de Rondônia manda para Brasília, Marcos Rogério, ex-deputado, e Confúcio Moura, ex-governador. Valdir Raupp, que já foi presidente do PSDB e senador, desta vez ficou de fora.
Os catarinenses Espiridião Amin e Jorginho Mello bateram nas urnas líderes importantes no estado: o ex-governador Raimundo Colombo e o ex-líder do PSDB Paulo Bauer. Paulo Paim conseguiu manter sua cadeira no Senado. A outra vai para Luiz Carlos Heinze, o mais votado. No Acre, Sérgio Petecão ficou em primeiro lugar. A segunda cadeira vai para Márcio Bittar. A grande surpresa é a derrota de Jorge Viana, do PT.
Renan Calheiros, um dos nomes mais influentes na política brasileira, ficou em segundo lugar nas urnas e viu seu filho, também Renan, reeleger-se para o governo de Alagoas. O mais votado para o Senado foi Rodrigo Cunha. Roraima guardou duas surpresas nessa eleição. A primeira, a derrota do várias vezes líder de vários governos Romero Jucá. A segunda, a derrota de Ângela Portela. Para seus lugares em Brasília virão Chico Rodrigues e Mecias Rodrigues.
Na Bahia, as pesquisas não erraram. Acertaram em cheio na vitória do ex-ministro do PT, Jacques Wagner. A segunda vaga ao invés de ir para Juntahy Magalhães, vai para Ângelo Coronel, do PSD. A eleição em Tocantins traz uma curiosidade. Pela primeira vez na história do Senado mãe e filho estarão sentados lado a lado como parlamentares. São Kátia Abreu e seu primogênito Irajá, eleito aos 35 anos para o cargo de senador da República. Algo parecido aconteceu há alguns anos, quando José Sarney e a filha Roseana representavam no mesmo mandato o Maranhão e o Amapá.