Vendo agora a nova composição do Congresso após a eleição do dia 7 de outubro, podemos ter a certeza de o quanto a palavra dessa eleitora aí da foto era para valer. O cartaz que ela ostentava numa manifestação contra a corrupção na Praça dos Três Poderes no dia 4 de dezembro de 2016, representava mais que um aviso. Era também uma premonição do que viria acontecer vinte meses depois.
Em primeiro de fevereiro de 2019 o Senado voltará do recesso não somente olhando para o Palácio do Planalto com um novo Presidente da República. Mas tendo de encarar sua nova realidade: a renovação de 85%. Várias figuras que ocupavam uma cadeira na Casa perderam seus mandatos, substituídos por “nomes novos”.
Na Câmara Federal não é diferente. A renovação também chegou para valer, como bem previa a nossa personagem da foto. Dos 513 deputados somente 240 conseguiram voltar para um novo mandato. Vale ressaltar que na avalanche de renovação que se abate agora sobre do Congresso, há derrotas lamentáveis, digamos injustas. Parlamentares que nunca tiveram seu nome relacionado à corrupção foram varridos. Uma pena.
A mudança que a eleitora preconizava não ficou restrita a nomes. Foi além. Mudou também a composição das bancadas partidárias. O PT, segundo as pesquisas, dificilmente elegerá o próximo presidente da República. No entanto, terá a maior bancada na Câmara, com 56 deputados. O PSL, de Jair Bolsonaro, tem a segunda, 52.
Outras legendas que tradicionalmente foram majoritárias, agora deixam de ser maioria. Muito provavelmente irão se agrupar no “centrão”, aglomeração de partidos que possivelmente irá determinar o resultado das votações importantes que forem ao plenário.
É interessante como uma simples imagem de personagens comuns, gente do povo, muitas vezes dá recado preciso sobre o que pensa o eleitorado. Aliás, veja que coincidência: as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro.
Imagino que algum dos parlamentares derrotados agora – e que tinha um mandato durante o protesto da mulher da foto – viu essa cena. Certamente achou que a singela eleitora, assim como na passagem bíblica, João Batista fazia pregação solitária e inútil no deserto.
Muitos homens e mulheres que se candidataram e não vêm para Brasília têm problemas com a Justiça. Alguns até chegaram a ser presos. Uma frase nova corre os corredores do poder: – o voto popular e as urnas lhes deram a punição no lugar dos tribunais.