José Gilberto Alves, de 49 anos, faz parte do universo de 13 milhões de brasileiros desempregados. Sem trabalho fixo há mais de 3 anos, aposta no improviso da economia informal para conseguir a própria sobrevivência e de sua família. Seu sustento só é possível pelo micro comércio que lhe rende centavos, pouquíssimos reais, no fim de cada dia: a venda de algodão doce.
Era trabalhador rural, ganhava a vida na roça como tarefeiro numa pequena fazenda perto da cidade onde nasceu, Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte. O salário era muito pequeno, menos que o Minimo. O dono das terras, porém, não conseguiu mante-lo no serviço. Depois de buscar serviço nas redondezas e em outros estados do Nordeste, José Gilberto decidiu arriscar a sorte na Capital do País.
Chegou a Brasília com a mulher e os quatro filhos. Procurou emprego em qualquer atividade. Não conseguiu. Com o irmão mais novo que também abandonou o Nordeste, resolveu vender algodão doce nos pontos turísticos do Plano Piloto. Compra a noventa e cinco centavos cada pacote e revende a dois reais. Não é sempre mas, em geral, consegue vender o máximo de quarenta unidades no fim do dia.
É com esse lucro, incerto e minúsculo, de um real e cinco centavos multiplicado, às vezes, por quarenta unidades pela venda do doce é que José Gilberto Alves mantém sua família. O trabalho com esse comercinho popular, da viração ou como bem queiramos chamar é a saída não somente para ele, mas também para milhões de homens e mulheres, jovens e até crianças que tentem vencer a crise do desemprego.
Essa menina da foto é mais um exemplo que vemos em grande quantidade nas esquinas, nos sinais de trânsito das cidades. Ela está na idade de entrar no chamado mercado de trabalho, mas não consegue emprego. Vende ao preço de dois reais, pacotinhos de jujubas correndo entre os automóveis.