O dilema de João José e sua mulher Maria

Nome, João. Sobrenome, José. A esposa, Maria. Maria José.

A história de João José é mais uma das tantas comoventes que vemos diariamente nas ruas. De alguma forma, de todas as maneiras, homens e mulheres, adolescentes e até crianças nos sinais de trânsito vendendo miudezas em busca da sobrevivência. É a dura tentativa de vencer a crise do desemprego e fugir do inferno da delinquência.

João José nasceu no chamado Brasil Profundo. Na pequena cidade de Montalvânia, na divisa de Minas Gerais com a Bahia. De família humilde, conseguiu alfabetizar-se. Agora tem 46 anos. Ainda rapazola, em busca do futuro, tomou a estrada e partiu para Brasília. No caminho, conheceu Maria e seguiram a viagem juntos. O casal não sabe se comemora ou lamenta não ter filhos.

Nem se lembra a data precisa do último emprego que tiveram. Mas garante que já faz mais de cinco anos. Moram de aluguel em um pequeno barracão, numa das comunidades pobres da periferia da Capital. Maria está doente. Tem câncer. Não tem como sair de casa. João José vai à luta. Vende pipoca, clicletes, paçoca, pé-de-moleque e jujuba. Um real cada pacote. O total de centavos que lucra, ou seja, o pouco dinheiro que consegue faturar não é o suficiente para pagar as despesas com alimentação e remédios.

João José divide a esquina do trânsito com dois jovens malabaristas argentinos que também saíram de seu país também em busca de melhor condição de vida na Latino-América. A cada três sinais fechados, alternam a vez de apresentarem-se aos motoristas dos carros quando param no cruzamento. E foi numa dessas que estacionei para fazer essas duas fotos e ouvir parte do seu drama. Na verdade, o mesmo drama de 13 milhões de brasileiros: o desemprego.

Quem passa pela movimentada Avenida W3-Sul, na altura da quadra 712, pode ver o esforço de João José. Em uma faixa escrita com letras grandes ele se oferece para trabalhar como motorista, porteiro, jardineiro. Em qualquer função. Quer um emprego.

Do outro lado da faixa, João José diz: “Não queria passar pelo que estou passando!”

 

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