Eu precisava fazer uma foto panorâmica da Esplanada dos Ministérios e subi ao mirante da Torre de Tevê, no centro da Capital, porque sabia que de lá poderia obter a imagem que eu buscava: mostrar no mesmo espaço a obra do urbanista Lúcio Costa, os edifícios modernos de Oscar Niemeyer e os jardins de Roberto Burle Marx.
Tirei esse retrato aí da vasta praça com inúmeros automóveis estacionados ao longo das vias entrecortadas pelo gramado, caprichosamente enfileirados. E impressionantemente sem nenhum pedestre. Realmente curioso: não há um ser humano, sequer um, na cena. Desde o Congresso até a Rodoviária, em geral lugares que deveriam estar repletos de transeuntes.
Antes de tomar o elevador de volta ao térreo, ouvi o seguinte diálogo de um casal de visitantes pernambucanos que estava em Brasília aproveitando a folga do feriadão. O marido e a esposa, encantados com a beleza da cidade conversavam entre si. Observaram o detalhe que eu, pioneiro da Capital, morador antigo, nunca tinha dado atenção:
Ele: – Espaço bem que tem. O povo daqui é que parece não gostar de caminhar.
Ela: – Só de dirigir!
É. Pura verdade…