Nos primeiros vinte dias, desde que assumiu a principal cadeira do Palácio do Planalto – no lugar de Dilma Rousseff, afastada pelo processo de impeachment – o presidente Michel Temer enfrentou momentos de pura tensão. Já na segunda semana de governo, sofreu a queda do ministro do Planejamento e Gestão, senador Romero Jucá, que não resistiu aos efeitos da divulgação das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Depois, outra turbulência: a demissão de Fabiano Silveira, titular da pasta da Transparência, Fiscalização e Controle, substituído nessa semana pelo ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Torquato Jardim. Fabiano também foi alvo dos diálogos gravados pelo mesmo Sérgio Machado.
Momento considerado positivo foi sua ida ao Senado. Acompanhado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, doutor Michel esteve no gabinete do presidente do Congresso, Renan Calheiros, para entregar pessoalmente o plano de meta fiscal, aprovado em seguida pela grande maioria dos parlamentares. Etapa essencial para a reorganização da economia. Na Câmara, os deputados admitiram por aclamação a DRU – Desvinculação da Receita da União, que autoriza o redirecionamento de verbas para outros setores do Estado. Porém, Temer sofreu críticas pela decisão de conceder reajuste salarial para algumas carreiras de servidores públicos. Alega-se aumento nas contas públicas.
Em discurso, reiterou apoio à intocabilidade da Operação Lava Jato e deu posse aos presidentes das principais companhias estatais brasileiras, inclusive de Pedro Parente, na Petrobras, e Maria Silvia Bastos Marques no BNDES, fato que amenizou as reclamações por não haver, antes, nomeado uma mulher para o alto escalão do governo. Nessa semana, o presidente Temer escolheu o novo líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB de São Paulo.
Vale lembrar: desde sua chegada ao Palácio, Temer atravessou dois temas presentes no complicado cenário da política. O afastamento, determinado pelo Supremo, de Eduardo Cunha da presidência da Câmara e, ainda, a delação premiada do senador Delcídio do Amaral, um metradora giratória contra personagens envolvidos no escândalo do Petrolão.
Às vésperas de completar o primeiro mês à frente do Planalto, o presidente Michel Temer vive nova expectativa. Alguns senadores que optaram pelo “sim” na sessão de admissão do impeachment de Dilma em 12 de maio, declaram a intenção de rever o voto para o afastamento definitivo da senhora Rousseff. Embora, pouca gente de seu entorno creia nessa possibilidade, não deixa de ser preocupação.