Mais uma denúncia contra os ex-presidentes Lula e Dilma. Dessa vez, na quarta-feira, o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, os acusa de obstrução à Justiça do episódio em que a senhora Rousseff nomeia o amigo Luís Inácio da Silva para ministro de seu governo em 2006.
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Os últimos dias de Rodrigo Janot à frente da Procuradoria-Geral da República têm sido bastante movimentados. Tal qual dissera semanas atrás numa entrevista – “enquanto houver bambu, lá vai flecha” – ele destina sua pontaria para vários alvos. Impossível prever que novidade Janot reserva para hoje.
Ontem, o Procurador Rodrigo encaminhou ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Acusa os ex-presidentes de participarem de organização criminosa que agiu entre os anos de 2002 a 2016 para receberem propinas que atingiram valores acima de um bilhão de reais em negócios irregulares na Petrobrás.
Janot inclui no processo enviado ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, nomes da alta cúpula do PT, como o tesoureiro do partido João Vaccari, os ex-ministros Antonio Palocci, Edinho Silva, Guido Mantega e Paulo Bernardo, além da senadora Gleisi Hoffmann, esta com foro privilegiado por ter mandato parlamentar.
Segundo o inquérito de Rodrigo Janot, Lula era o líder do grupo, mesmo após deixar a Presidência da República, e exercia influência direta sobre Dilma Rousseff. Caberá ao ministro Fachin, presidente da Segunda Turma do Supremo, julgar se inclui esses personagens na lista de indiciados da Lava-Jato. Em Curitiba, Marcelo Odebrecht, disse em depoimento que Lula também recebeu propina de sua empreiteira.
Anteontem, Janot veio a público para dizer que as novas gravações que recebeu de Joesley Batista, presidente do Grupo JBS, podem resultar na rescisão do acordo de delação premiada do empresário por estarem em desacordo com a lei. Esse novo lance que envolve Joesley é de estarrecer. E não é para menos porque põe abaixo um dos homens de confiança da Procuradoria-Geral, Marcelo Miller, e ainda faz alusões a nobres membros da Corte Suprema.
Mais que isto, a gravação contém as vozes de Joesley Batista e de Ricardo Saud, diretor do JBS, comentando uma eventual possibilidade ou previsão de que o próprio Janot viesse a trabalhar para o seu grupo empresarial quando deixar o cargo. O Procurador-Geral, porém, declarou jamais ter sequer estado frente a frente com Batista.
Ainda paira sobre todos a expectativa de que o PGR Janot apronte nova denúncia contra o presidente Temer antes do dia 17 próximo, quando se despede do cargo.
Também ontem, em Salvador, outro alvo da Justiça, Geddel Vieira Lima – ex-ministro de Lula e Temer, que foi também vice-presidente da Caixa no governo Dilma e que está em regime de prisão domiciliar – sofreu nova baixa. A Polícia Federal cumpriu ação num apartamento alugado por ele e lá foram encontrados mais de 50 milhões de reais, guardados em oito malas.