Lição paraguaia ou Aplausos para uma jangada

Aplausos para a jangada - Foto Orlando Brito
Em Ipanema, as pessoas aplaudem a beleza do pôr-do-sol. Em Noronha, a coreografia dos golfinhos. Em Abrolhos, a exibição das baleias. Em Gramado e Canela, o colorido das hortênsias. Em Brasília, o impacto da arquitetura moderna. Nas praias do Nordeste os turistas batem palmas para as jangadas.
Antes de a pandemia da Covid chegar para complicar a vida de todos e restringir nosso vaivém, estive no Ceará. Fui fazer uma reportagem sobre o sucesso da campanha de vacinação contra a varíola em vários estados. Fiquei hospedado em um daqueles hotéis bacanas na beira do mar, em Beberibe.
Impressionou-me a euforia de um casal de paraguaios que pela primeira vez vinha ao Brasil. Mais que isso, pela primeira vez estava curtindo o mar. Jamais tinham visto de perto um oceano e, menos ainda, uma jangada. Caminhei pela areia e fui estar com eles.
A esposa, maravilhada com a cena que estava a 200 metros de seus olhos, aplaudia as manobras dos pescadores. Ele, funcionário público. Ela, dona de uma pequena loja de roupas para crianças em Assunção, 1500 quilômetros distante do Atlântico.
O marido disse-me:
– O Brasil tem coisas realmente magníficas. A começar pelo povo acolhedor, bem-humorado e solidário. Cidades maravilhosas, variedade artística impressionante, indústrias de alta tecnologia, economia gigantesca, esportes de ponta etc. Uma coisa, porém, eu não compreendo: como os brasileiros tratam tão mal o seu próprio país.
É…
Orlando Brito
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