Junho de 2013 – Há três anos, o Brasil em massa ia às ruas protestar contra tudo

Grande protesto em Brasília. No gramado em frente ao Congresso, a polícia explodiu bombas para dispersar os manifestantes. 20 de junho de 2013 - Foto Orlando Brito

O dia 20 de junho de 2013 ficou marcado como a data em que o povo brasileiro foi às ruas para protestar contra tudo. Semanas antes, um grupo de populares revoltou-se contra o aumento de vinte centavos nas passagens dos transportes públicos em algumas capitais. Foi o estopim para que, em seguida, outras questões que atormentavam a população entrassem na lista das manifestações. O que, no princípio, eram somente centenas de pessoas em breve tempo transformou-se em multidões de indignados.

Uma das muitas marchas contra a corrupção. Foto Orlando Brito
Uma das muitas marchas contra a corrupção. Foto Orlando Brito

Em todos os estados brasileiros, com faixas, cartazes, caminhões e megafones, milhões de jovens e adultos levados pelas entidades representativas da sociedade, e até espontaneamente, bradavam nas caminhadas e comícios contra a má qualidade dos serviços públicos, governantes ineficientes, a impunidade e, claro, a corrupção na política. Até mesmo a Copa Mundo, realizada no ano seguinte, recebeu contestação popular. O impeachment da presidente, que veio acontecer agora nesse ano de 2016, também passava a ser destaque nas passeatas.

O protesto da jovem estudante em Brasília. Foto Orlando Brito

Houve quebra-quebra, conflitos e confrontos e pesada repressão policial com feridos e prisões. Para conter ou amenizar a tensão popular, governo e Congresso puseram em pauta o que na época se chamou de “agenda positiva”. O intuito era atender às reivindicações, “corrigir” distorções porventura em desacordo com a normalidade. Aprovaram-se medidas, porém essas mostraram poucos resultados objetivos.

O povo na rua protesta contra tudo. Foto Orlando Brito
O povo na rua contra tudo. Foto Orlando Brito

Os cara-pintadas estavam de volta, agora de maneira ampliada, impulsionados pelas mídias. Desde os tempos em que o povo foi às ruas pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor, em 1992, não se via no Brasil manifestações tão volumosas. E, pela primeira vez, a Internet e seu grande parque de redes sociais mostraram-se inteiramente eficazes. Foi pelo Facebook, Twytter e outros comunicadores do mundo digital que os líderes dos vários movimentos lograram reunir tanta gente. Eu mesmo fui fotografar tudo de perto.

Os cara-pinradas novamente nas ruas. Foto Joel Rodrigues.
Os cara-pintadas novamente nas ruas

Evidentemente não somente o Brasil viveu clima de tensão com manifestações populares em 2013, mas também um grande número de países. Nos Estados Unidos, por exemplo, cidadãos de várias categorias ocuparam a Wall Street, principal centro econômico americano, onde estão a Bolsa de Valores de Nova Iorque e a sede de grandes bancos americanos. O movimento que ficou conhecido por Primavera Árabe atormentou os governantes de vários estados do Oriente Médio. Na Espanha, grandes protestos liderados pelo grupo Os Indignados encheram as principais de Madri e outras grandes cidades. Também na Argentina a multidão foi às ruas bradar contra Cristina Kirchner.

Orlando Brito

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