Há 49 anos, o famigerado AI-5: Ouvir e sair

Deputados deixam o Congresso, fechado pelo AI-5. Foto Orlando Brito

A noite de sexta feira 13 de dezembro de 1968 ficou marcada como um dos momentos mais sombrios para a democracia brasileira. O governo do marechal Costa e Silva decretava o AI-5, Ato Institucional Número Cinco, que fechou o Congresso Nacional, cassou o mandato de vários parlamentares, estabeleceu a censura à imprensa, ao teatro e ao cinema. E também restringiu várias liberdades, por exemplo a reunião de pessoas fossem quaisquer os motivos,

Como foiEu era um jovem fotógrafo e cobria para o jornal O Globo os assuntos da política. Senti que a notícia estava na Presidência da República, mas seu efeito se mostraria no Congresso. Atravessei o Eixo Monumental, a avenida que separa o Palácio da Câmara e Senado.

No Planalto não havia nenhuma foto a ser feita, a não ser a de um contínuo aborrecido distribuindo aos repórteres as cópias do decreto presidencial.

Parlamentares e jornalistas ouvem pelo rádio a decratação do AI-5. Foto Orlando Brito

Eu estava certo. Numa salinha do térreo abarrotada de senhores atônitos, consegui ainda fotografar alguns deputados ao pé do radinho de pilhas ouvindo a leitura da intervenção na Constituição feita pelo então ministro da Justiça, Gama e Silva. Entre eles, estavam os presidentes da Câmara, da Comissão de Justiça e o líder do governo, Zezinho Bonifácio, Djalma Marinho e Geraldo Freyre, além de jornalistas e funcionários.

Logo em seguida, todos tiveram de abandonar o edifício do Congresso. Câmara e Senado Federal só foram reabertos dez meses depois para referendar, em eleição indireta, a escolha do novo presidente da República, o general Garrastazú Médici, no lugar de Costa e Silva, acometido por uma embolia cerebral.

É verdade que as fotos não são nenhum exemplo de capricho estético. Mas retratam aquele momento dramático da história.

Orlando Brito

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