15 de outubro de 1985, época em que Emmanuel Macron, eleito nesse domingo presidente da França, era ainda um menino de 12 anos.
Em visita ao Brasil durante o governo Sarney, o então presidente francês, François Mitterrand, desembarca na Base Aérea de Brasília do avião mais moderno do mundo, que voava com velocidade além da barreira do som: o Concorde. O super jato era tão rápido, que cobriu a distância entre os aeroportos de Le Bourget, em Paris, e Juscelino Kubitscheck, em nossa capital, em apenas quatro horas e quinze minutos, enquanto as outras aeronaves, por mais velozes que fossem, o fariam em quase o triplo de tempo.
Sempre fiz questão de fotografar a chegada de presidentes estrangeiros em visita ao Brasil. E uma foto que jamais deixei de fazer é a da descida deles do avião porque sei que os leitores têm a maior curiosidade em ver as máquinas que os transportam. Aliás, até bem pouco tempo atrás, fazia parte do cerimonial das visitas de mandatários estrangeiros uma baita solenidade em seu desembarque, com o nosso presidente indo recebê-los formalmente. Era uma festa. Hoje, não mais.
Os presidentes americanos Jimmy Carter, Ronald Reagan, Bill Clinton, os Georges Bush – pai e filho – e Barak Obama vieram nos Boeings exclusivos para servi-los, os famosos Air Force One. Os Chefes-de-Estado da Argentina costumavam desembarcar aqui em jatinhos chamados de “Tango Uno”. O Papa João Paulo II veio a bordo de um Jumbo da Alitália.
O marechal Alfredo Stroessner, do Paraguai, chegava num modesto Electra movido a hélices. A rainha e os primeiros-ministros da Inglaterra viajam nos possantes Air Bus da British Airways, especialmente adaptados para Sua Majestade. O mesmo acontece com os governantes de Portugal, que voam pela TAP, mas com o nome do avião sempre batizado como “Sagres”, em homenagem à escola que formou grandes navegadores.
Agora, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel inova nesse costume. Para cortar gastos, faz algumas de suas visitas nos jatos de carreira da Lufthansa. Da mesma forma que, mês passado, fizeram o rei Olavo e a rainha Silvia, da Suécia, quando vieram ao Brasil.
Mas naquela ensolarada manhã de terça-feira, François Mitterrand veio a bordo do deslumbrante supersônico Concorde. Para pisar o solo brasiliense, utilizou a escada da Cruzeiro do Sul, companhia aérea que nem existe mais. Os Concordes também não existem mais. Tiveram sua fabricação suspensa após um acidente no aeroporto Charles De Gaulle, em Paris, que vitimou todos os 109 passageiros, em 25 de julho do ano de 2000. Três anos depois, o Concorde abandonou de vez os céus.