Agora no período eleitoral, se observa que os candidatos ao Palácio do Planalto vez por outra declaram que o Brasil necessita de uma nova Constituição. Há quem diga até que esta nem deveria ser elaborada de forma abrangente, com a participação de um Congresso Constituinte, e sim por uma comissão de notáveis juristas.
Bom lembrar que a Carta vigente completou 30 anos de promulgação no último dia 5 de outubro e que acolheu uma porção de emendas da sugestão popular. Ela substitui a de 1967, considerada rigorosa e pouco democrática, escrita ainda nos tempos do regime militar e justamente por uma comissão de notáveis juristas, tendo à frente o marechal Costa e Silva.
Durante os anos de 1987 e 1988, todas as atenções do Brasil estavam voltadas para o funcionamento daquela Assembleia Nacional Constituinte. Assim como os demais colegas jornalistas, eu também não deixava de ir ao Congresso nem mesmo nos sábados e domingos, tamanha a quantidade de fatos que a política gerava.
Era uma verdadeira profusão de notícias. Mas esse momento aí da foto aconteceu numa terça-feira, véspera da sessão de promulgação da nova Constituição. Na verdade, tratava-se um ato simbólico. O relator da nova Carta, Bernardo Cabral, passava às mãos do Doutor Ulysses Guimarães o texto final do trabalho dos 559 constituintes que se desdobraram durante 19 meses na elaboração Constituição Cidadã.
Foi nesse dia que Ulysses proferiu palavras inesquecíveis sobre a Carta Magna que no dia seguinte passaria a reger o País: “Não é a Constituição perfeita. Se fosse perfeita, seria irreformável. Ela própria, com humildade e realismo, admite ser emendada até por maioria mais acessível, dentro de cinco anos“.
Lá estavam vários deputados e senadores. Entre eles, Afonso Arinos, Virgílio Távora, Mário Maia, Mauro Benevides e Fernando Henrique Cardoso, que depois veio a ser presidente da República. Eleito pelo voto direto, como estabelece a Carta de 1988.