Evo Morales renunciou à presidência da Bolívia. Não resistiu às crises que tomaram conta das ruas desde o dia 20 de outubro, quando da eleição presidencial da qual saiu vencedor com resultado sob contestação de vários lados. A começar pelo candidato derrotado, Carlos Mesa, e também pela comissão da OEA-Organização dos Estados Americanos que fiscalizou a lisura do pleito.
Em consequência dos protestos e manifestações violentas, as pressões sobre Evo aumentaram, inclusive por parte do comando das Forças Armadas. A situação agravou-se com a notícia de motins em quarteis de La Paz e outras cidades. Nesse domingo, em Cochabamba, veio o ato de renúncia.
Morales, que já havia presidido a Bolívia por três mandatos, foi à televisão para dizer que pedia renúncia para que seus adversários não continuassem a perseguir os dirigentes sociais, aliados dele.
Também o vice de Evo Morales, Álvaro Garcia Linera, renunciou. E, assim, ainda não se sabe precisamente quem ocupará o comando do país. O candidato Mesa não foi eleito e, portanto, não foi declarado presidente. A situação se agrava quando também o presidente da Câmara dos renunciou ao cargo.
Tudo indicava que Adriana Salvatierra Ariazza, de 30 anos, senadora da República viesse ocupar temporariamente a presidência da Bolívía até que o impasse da sucessão de Evo se resolva. Mas também ela renunciou.
É possível que, assim, o chefe do Tribunal Constitucional Boliviano, a Corte Nacional de Justiça, assuma. O paradeiro de Evo Morales é incerto e não sabido. Há rumores de que exilou-se na Argentina.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro disse que quando a esquerda cai chamam de golpe. Lula, por sua vez, classifica a renúncia de Evo Morales como “golpe de estado”.