Ao desembarcar ontem em Curitiba, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, foi levado diretamente para a sede da Polícia Federal. Durante o voo, foi algemado à cadeira do avião. Faz parte do protocolo de transporte aéreo de presos. Hoje pela manhã, foi escoltado por agentes policiais até o Instituto Médico Legal de Curitiba, onde fez exame de corpo de delito. Depois, retornou à Superintendência da PF e ficará à espera de ser ouvido pelo juiz Sérgio Moro.
O ex-deputado passou a noite numa cela de 12 metros quadrados, sozinho. A sala que o hospeda, segundo a PF, tem uma cama beliche e uma pequena mesa de cimento, uma pia e um vaso sanitário. Eduardo Cunha deverá ter horário de banho de sol diariamente, porém sem ter contato com demais personagens-alvo da Operação Lava-Jato, por exemplo o ex ministro Antonio Palocci e o empresário Marcelo Odebrecht.
Eduardo Cunha enfrenta processos movidos pela justiça, acusado de manter contas bancárias no Exterior nas quais receberia recursos advindos de propinas, negócios irregulares. Portanto, crimes de lavagem de dinheiro e corrupção. Recordando, em junho, o ministro do Supremo Teori Zavascki determinou a suspensão de Cunha da Presidência da Câmara e, logo depois, o próprio Cunha renunciou ao posto. E em 13 de setembro, o plenário da Câmara decidiu pela cassação de seu mandato.
Em dezembro do ano passado, quando era ainda presidente da Câmara, Eduardo Cunha aceitou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e ela acabou sendo destituída do Planalto. Agora, a prisão de Cunha gera grande expectativa nas esferas do poder. Receiam que seus depoimentos perante os procuradores ou mesmo um eventual acordo de delação premiada ponha na linha da justiça outros grandes nomes da República.