O jurista João Leitão de Abreu em sua casa no Lago Sul, em Brasília. Foi chefe do Gabinete Civil dos presidentes Garrastazu Médici e João Figueiredo e também ministro do Supremo, além de presidir o Superior Tribunal Eleitoral.
Depois de exercer cargos os mais importantes da república em Brasília, doutor Leitão não voltou para sua terra natal, o Rio Grande do Sul. Continuou morando na capital federal. Durante anos o fotografei ministro e dando aulas de Direito. Mas agora, em 1986, aposentado, o via como aluno, aprendiz.
Como às vezes faço nas manhãs de domingo, vou à QL-12, a antiga Península dos Ministros, lugar onde moram vários nomes do poder. Assim que entrei a principal avenida, de longe, vi o doutor Leitão estacionando com alguma dificuldade o carro que dirigia. Aproximei-me. Ele, bem humorado, disse-me que agora aposentado tinha tempo de sobra para dedicar-se a duas coisas que havia praticamente esquecido durante os longos anos em que foi ministro: reaprender a guiar automóveis e a datilografar.
Após tirar as luvas de motorista e o boné de piloto, convidou-me para um café. No escritório, doutor Leitão de Abreu sentou-se à mesa escrivaninha e demonstrou a rapidez que readquirira teclando a antiga Remington Rand na qual escrevia semanalmente um artigo para a Folha.
Orlando Brito