Mesmo com o feriado da próxima quinta-feira devido às comemorações da Proclamação da República, Jair Bolsonaro terá uma semana de agenda repleta. De volta a Brasília, o presidente eleito dará sequência à formação de seu governo. Mas, sobretudo, terá momentos de tensão com o tema em pauta do momento: a correção dos salários dos ministros do Supremo, aprovada na semana passada pelo Senado.
O assunto, aliás, provoca digamos a primeira crise entre os poderes. O Legislativo aprova uma lei que concede ao Judiciário reposição salarial não desejada pelo Executivo. A medida, segundo cálculos, contribuirá com o déficit das contas da União em valores que ficam entre 4 e 6 bilhões de reais, já que se estende às demais esferas da Justiça. Em decorrência, Bolsonaro cancelou o encontro com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Em entrevista do Rio amenizou ao dizer que não precisa marcar formalmente encontro com parlamentares pois é um deles há 28 anos.
Estão confirmadas a visita de Jair Bolsonaro aos presidentes dos tribunais superiores — do Trabalho, Militar e Eleitoral. Ele terá várias reuniões em seu gabinete provisório do Centro Cultural Banco do Brasil, onde funcionam as equipes de transição. Lá, terá despachos com os ministros já escolhidos: Paulo Guedes, da Economia; Sérgio Moro, da Justiça; Tereza Cristina, da Agricultura; Onyx Lorenzzoni, da Casa Civil; Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
A quarta-feira fica reservada para o encontro com os governadores recém eleitos. Será a primeira vez que os futuros governantes das 27 unidades da federação e o próprio Jair Bolsonaro irão tratar da situação fiscal de cada uma delas.
A previsão é que o novo presidente busque definir os nomes que irão ocupar os ministérios da Saúde, Saúde, Educação, Turismo e Meio-Ambiente. Para a Saúde, aliás, o próprio Bolsonaro disse estar conversando com o deputado Luiz Mandetta, do Democratas do Mato Grosso do Sul. Na segunda-feira, aceitou a indicação de Paulo Guedes para que o economista Joaquim Levy assuma o BNDES-Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.
É muito provável também que Bolsonaro decida nessa semana quem será o novo ministro das Relações Exteriores. Relembre-se que na semana passada, quando esteve no Palácio do Planalto, recebeu sugestão do presidente Michel Temer para acompanhá-lo na viagem a Buenos Aires no próximo dia 30 para a cúpula do G-20, fórum internacional que reúne os chefes-de-Estado e governo das vinte economias mais desenvolvidas do mundo. Chegar a esse encontro com o novo chanceler já escolhido seria muito positivo. Como sempre, especulam-se nomes de parlamentares para ocupar a pasta. Porém a tendência é que será mesmo um experimentado diplomata do Itamarati.