Após cinco meses de instalação, a CPI da Pandemia no Senado está perto de encerrar seus trabalhos. Nesse período, lá compareceram em torno de 60 convocados. Uns como testemunhas, outros na condição de investigados. Foram depoimentos de médicos, empresários, ministros e ex-ministros, parlamentares, advogados, militares e civis que levaram à descoberta de um impressionante esquema de compra irregular de vacinas com o envolvimento e suspeitas de atravessadores, laboratórios, funcionários e figurões da República.
Nesta segunda-feira, quando se aproxima a conclusão das investigações e o resultado das apurações, ficou claro que há dissidências e discordâncias quanto ao relatório elaborado por Renan Calheiros. O clima de mal-estar entre os parlamentares é perfeitamente perceptível. É decorrência do vazamento do conteúdo do texto que pede incriminação de vários personagens relacionados ao enfrentamento da Covid no Brasil.
O presidente da Comissão, Omar Aziz, e outros integrantes da CPI expressam opinião diferente sobre o indiciamento de, por exemplo Jair Bolsonaro tal como está posto no relatório vazado na imprensa. Acham que deve haver base jurídica de acusação mais robusta. Para obter um texto que satisfaça a maioria, o senador Randolfe Rodrigues age para contemporizar e solucionar a inesperada situação.
Longe dos impasses, a segunda-feira foi marcada por depoimentos de vítimas e familiares de falecidos em decorrência do Coronavírus. Pura emoção. As palavras de sete dessas pessoas — órfãos de pais e mães, filhas e filhos, cônjuges, irmãos e irmãs, enfermeiras, amigos — levaram às lágrimas aqueles que as ouviram. Todas referiram-se à omissão e negligência das autoridades federais na condução da pandemia da Covid e, sobretudo, a favor da vacinação.
Antes da audiência pública, o grupo Rio de Paz repetiu no gramado em frente ao Congresso a mesma manifestação que fez na Praia de Copacabana, quando o Brasil atingiu a triste marca de 600 mil mortos pela Covid. Entre os familiares que compareceram ao Senado para falar na CPI, estava Márcio Antonio do Nascimento Silva. Muito emocionado, enquanto recolhia as bandeirolas brancas do protesto, ele falou da dor da perda de seu filho.