Quem de nós podia imaginar que uma consulta médica pudesse ser feita com tanta regularidade e encarada com igual naturalidade, como agora, por meio de conferência virtual? Estamos na era da telemedicina, na qual médicos vêem e ouvem pacientes e, ao final, lhes receitam remédio para tratamento. E as aulas por computador, ao invés da ida dos alunos à escola? Sem falar das confereências virtuais de cientistas, entre presidentes de repúblicas, senhores e senhoras dos organismos internacionais. Mas será que tudo seguirá fazendo parte do novo normal?
Antes, você ia aos restaurantes e lanchonetes. Agora, ambos vêm até você. Na verdade, isso mais ou menos acontecia. Mas agora intensificaram-se e aperfeiçoam-se os serviços. Os motoboys cuidam do transporte com toda eficiência e rapidez. Aliás, a venda de “quentinhas” nunca foi sucesso como agora. Comprá-las ao invés de cozinhar em casa virou moda, coisa imposta pela pandemia.
Quem diria que repartições da administração federal e mesmo o Supremo e o Congresso viessem a funcionar a contento por sessões remotas? No entanto, a partipação de servidores, magistrados da Justiça e parlamentares se adequaram ao momento pandêmico. E não é somente no Brasil.
Impressionante como descobriu-se e utiliza-se com a maior naturalidade e intensidade o aplicativo Zoom, surgido no meio dessa pandemia. Por ele, trocam-se idéias, comemoram-se aniversários e até mesmo fazem-se concertos musicais de orquestras. Reuniões de trabalho, sobretudo. Tem gente que até namora. Virou coisa comum, enfim, grupos de reunirem nas telinhas do Zoom, tanto computadores quanto tablets e telefones celulares. Quantos escritórios de negócios fecharam as portas, com a descoberta da desnecessidade de sua existência física?
Vimos na semana passada a alegria dos frequentadores dos bares na noite do Leblon, no Rio. Também a maciça corrida de compradores aos shoppings de mundo a fora, com autorização para reabertura do comércio. E ainda a alta frequência nos restaurantes das grandes cidades e a superlotação nas praias e clubes. E o retorno das academias de ginástica. Os tais cuidados sanitários ficaram para trás? É possível. As corridas de Fórmula-Um também voltaram, porém, como precaução, sem a presença de espestadores.
Não se pode prever ainda as consequências do distanciamento relativo e, portanto, como será o novo real, como convencionou-se chamar a nova forma de funcionamento da população global. Com a aparente diminuição dos casos de infectação, países, cidades, empresas, serviços, escolas e, enfim, tada a sociedade parecem confiar no fim da ação do vírus. O certo é que enquanto a ciência não colocar à disposição vacinas seguras e eficientes, a dúvida e a insegurança de cada um continuará como sombra de alerta e medo.
Pergunta-se: é possível, por exemplo, um fanático torcedor de um clube de futebol satisfazer sua emoção e vibração com ver a vitória — ou derrota — de seu time longe de uma cadeira na arquibancada, embora perto de uma tela de computador? Nessa semana aconteceu algo impensável. Os jogos decisivos do campeonato carioca entre Flamengo e Fluminense não tiveram torcedores nas cadeiras do estádio. Em compensação, em torno de três milhões mil olhos viram o clássico Fla x Flu pelas telas do Youtube. E veja que as partidas nem foram transmitidas pela tevê e sim pelos canais exclusivos na Internet, nas redes sociais.
São avanços ou retrocessos? Vamos todos nos adaptar essa nova forma de vida? Resta saber se toda esse moderno relacionamento virtual, o tal novo real, substituirá algo insubstuível: a presença.
A conferir, como sempre diz o amigo Andrei Meireles no fim de seus textos.