A menos de três semanas para as eleições gerais, 147 milhões de brasileiras e brasileiros irão escolher o presidente da República e seu vice, 27 governadores, 54 senadores, 513 deputados federais e 1059 deputados estaduais e distritais. Nos 5.570 municípios, o clima de campanha toma conta das ruas, com os concorrentes a esses cargos indo à luta em busca do voto. O total de candidatos na eleição de 7 de outubro é, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 28.084.
São senadores que tentam renovar o mandato no Congresso, deputados que buscam reconquistar sua cadeira nas câmaras federal e estaduais, governadores interessados na reeleição. Há figuras já conhecidas na seara da política e nomes novos que pretendem ingressar na vida pública. A variedade de candidatos é grande. Há líderes comunitários, atletas, artistas, representantes de classes de trabalhadores, sindicalistas, religiosos, profissionais liberais.
Difícil prever que cara terá o poder no Brasil após as eleições. Os trinta e tantos partidos têm tempo diferente na propaganda política do horário gratuito reservado pelo Superior Tribunal Eleitoral. Constantemente são divulgadas pesquisas com intenção de voto. Algumas precisas, outras nem tanto. Umas consolidam a posição de alguns candidatos, outras apresentam variação nos números.
Alguns poucos desistiram da disputa, outros muitos candidatam-se a cargos diferentes daqueles que ocupam. Há gente nova e antigos parlamentares que desejam trocar o Legislativo pela Presidência da República, por exemplo. Mas a euforia está presente em todo o país. Seja na distribuição de panfletos e santinhos com a propaganda dos candidatos ou na movimentação das carreatas, das caminhadas, comícios, visitas a mercados, feiras, igrejas, sindicatos e nas entrevistas. E, enfim, no tradicional corpo-a-corpo na luta para se eleger.
Porém, além da digamos principal das eleições – para Presidente da República –, os pleitos de outras esferas também são de alta importância. Os concorrentes ao Palácio do Planalto têm suas campanhas divulgadas pela grande mídia de maneira intensa. Já os candidatos aos demais cargos, que não usufruem da vantagem de estar na tevê e nos jornais, cuidam cada um à sua maneira de conquistar o eleitor, seja se valendo das redes sociais ou indo para o contato direto com o povão.
Exemplo disto são:
O professor Flávio Arns já foi senador, de 2003 a 2011, e vice-governador de Beto Richa no Paraná. É sobrinho do ex-arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo, e da Dra. Zilda Arns, a grande empreendedora da Pastoral da Criança, com sede em Curitiba. Tem preocupação especial com as causas sociais, por exemplo, os cuidados com as pessoas com deficiência. Considera que sua candidatura para retornar ao Senado Federal, agora pela Rede Sustentabilidade, é “o resultado do chamamento da população”. Sua campanha não procura o eleitor somente nas redes sociais, mas também no contato com moradores dos bairros da periferia das grandes cidades paranaenses.
Galeguinho das Encomendas é José Fagner Melo, agitador cultural na cidade de São José do Egito, no sertão de Pernambuco. Empreendedor e bem humorado, registrou no Tribunal Regional o apelido como é conhecido desde quando ganhou fama pela desenvoltura com que cumpria seu trabalho de entregar pedidos os mais diversos em sua moto. Tem como padrinho político o conterrâneo Dudu da Fonte, deputado federal. E para conquistar uma cadeira de parlamentar estadual, Galeguinho das Encomendas não aposta somente nos 500 mil seguidores que tem nas redes sociais. Vai à luta pelo voto em festas, comícios, igrejas, aniversários, batizados, onde o voto estiver.
Pela previsão dos conhecedores dos caminhos da política, o Congresso que sairá das urnas na eleição de outubro não será marcado pela renovação, nem no Senado e nem na Câmara Federal. Ainda assim, haverá surpresas e mandará para Brasília nomes novos. Um desses é possível ser o Capitão Styvenson Valentim, de 41 anos, candidato da Rede Sustentabilidade a uma cadeira de senador pelo Rio Grande do Norte. Está bem pontuado nas pesquisas e pode deixar sem mandato um dos dois tradicionais líderes potiguares, Agripino Maia ou Garibaldi Alves. Styvenson, que é oficial do Polícia Militar em Natal, fez sucesso quando comandou as operações das blitz da Lei Seca, com tolerância Zero. Sua campanha é intensa e se estende aos bares e botequins.
“Casa cheia hoje em Campinas, mais de 1.700 pessoas ouvindo nossas propostas por um Novo Brasil. Obrigado a todos que participaram!”. São palavras de João Amoêdo, publicadas em seu Twitter. Carioca, banqueiro, engenheiro e administrador de empresas resolveu entrar na vida pública, com a legenda do partido que presidiu, o Novo. E talvez seja mesmo a grande novidade dessa eleição para o Palácio Planalto. Seu discurso é marcado pela brandura dos temas e defesa de postura digna na política. Sua agenda de campanha é acompanhada com atenção por eleitores de todas as cidades por onde passa. Com certeza, o Novo não vencerá a eleição presidencial. Mas ganhará milhões de adeptos.
Teteia do Jegue é muito conhecido em sua cidade, Eunápolis, no interior da Bahia. Não é para menos, exerce ofício que lhe põe em contato permanente com os eleitores: locutor de rádio, comentarista de futebol. Conhecedor de sua popularidade, arrisca ganhar votos o bastante para levá-lo a uma vaga de deputado estadual. Escolheu o partido PPL, não faz questão de dizer seu nome verdadeiro, Elias Sandes Santos, e desenvolveu ele mesmo seu marketing eleitoral. Usa roupa de vaqueiro, desfila pelas ruas da cidade rebocando um jumento e discursa com um megafone falando de seus planos como parlamentar.
A maioria dos eleitores de Rio Branco, capital do Acre, não sabe bem quem é Manoel Valdir Teixeira de Souza. Mas Cabide, todo mundo conhece. Tanto que já deu a ele um mandato de vereador, eleito para Câmara Municipal sem gastar um tostão da renda que consegue como vendedor ambulante. Nessa eleição de 2018, Cabide resolveu ser candidato pela 18ª. vez. Agora concorre a deputado estadual. Mas para conquistar uma das 24 cadeiras da assembleia do estado terá que estar entre os mais votados dos 471 candidatos. Ente eles, professores, religiosos, médicos, como Dr. Maurício, Dr. Isaías, Dr. Hohenberger, e comerciantes: Ceará da Carde Sol, Buiu, Folhinha, Albino da Saúde, Antonia do Lanche, Bombeiro Ribeiro, Cachorrão e outros mais.
O senador Antonio Anastasia, do PSDB, já foi governador de Minas Gerais e nesta eleição pretende retornar ao cargo. Disputa o Palácio da Liberdade com Fernando Pimentel, do PT, aliado de Lula e Dilma Rousseff. Anastasia percorre os 853 municípios do estado, algumas vezes em companhia de Geraldo Alckmin, candidato tucano ao Palácio do Planalto. A senadora Ana Amélia trocou uma reeleição praticamente garantida no Rio Grande do Sul para ser a vice do Dr. Geraldo. Ambos lutam para subir na avaliação das pesquisas que apontam Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Ciro Gomes à sua frente.
A campanha de Jair Bolsonaro para a presidência da República tomou, evidentemente, outro rumo após o atentado a faca que sofreu quando fazia caminhada no centro de Juiz de Fora. Após cirurgias, continua internado e em recuperação no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Para suprir sua ausência nas ruas, usa as redes sociais. Seus filhos Flávio e Eduardo também são candidatos. O primeiro, ao Senado, no Rio. O segundo tenta reeleger-se deputado Federal.
O senador Lindbergh Farias é um dos maiores defensores do ex-presidentes Lula, preso em Curitiba, condenado por corrupção. Nascido na Paraíba, foi líder estudantil, presidente da UNE, e deputado federal pelo Rio de Janeiro. Tenta agora ter o voto dos cariocas para manter sua cadeira no Senado. Porém, as pesquisas não o apontam como favorito. À sua frente estão César Maia, Flávio Bolsonaro, Miro Teixeira e Chico Alencar. Mas Lindbergh conta com a força da militância do PT e a presença de Fernando Haddad para vencer.