Nessa segunda-feira, dia em que o Brasil chorava a morte de 115 mil pessoas em decorrência do vírus corona, o governo de Jair Bolsonaro realizou cerimônia no Palácio do Planalto cujo slogan é “Vencendo a Pandemia”. Nem constava da agenda do senhor que preside o país. Mas lá estavam no evento intitulado “Tratamento precoce” médicos, admiradores e técnicos da área vindos de vários estados, adeptos do uso da cloroquina.
Uma ausência, aliás, pouco foi citada nos discursos, a do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Foi representado pelo secretário-executivo da pasta, o coronel Antônio Élcio Franco Filho.
No domingo, Jair Bolsonaro, respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre os depósitos de 89 mil reais feitos por Fabrício Queiroz — assessor de seu filho Flávio, quando este era ainda deputado estadual no Rio — no valor de 89 mil reais na conta da primeira-dama, a senhora Michelle, sua mulher, disse:
— Tenho vontade é de encher sua boca de porrada.
A resposta grosseira e agressiva do presidente do Brasil provocou reações de várias entidades que defendem a democracia e a liberdade de imprensa. Inclusive na mídia de outros países. Nas redes sociais da Internet, viralizou aos milhões em vários formatos a pergunta do jornalista: – Senhor presidente Jair Bolsonaro, por que sua esposa Michelle recebeu 89 mil reais de Fabrício Queiroz?
Não foram essas as únicas agressões à imprensa feitas por Jair Bolsonaro. Meses atrás, igualmente incomodado com indagações de jornalistas, reagiu de maneira da mesma forma constrangedora. Entre tantas, em uma delas, “determinou” a um repórter que calasse a boca.
Em seu discurso na cerimônia dessa terça-feira, Bolsonaro não fez nenhuma referência ao ilícito. Mas não deixou de atacar, novamente, os jornalistas. Disse que foi acometido pela Covid-19 e, por ser atleta das Forças Armas e por ter bom preparo físico, conseguiu vencê-la. E completou:
— Mas mas quando pega num bundão de vocês, a chance de sobreviver é bem menor.
Ao fim do evento, subia rampa interna do palácio, acompanhado por seus seguranças enquanto era aplaudido pelos apoiadores, aos gritos de “mito, mito”!