A bela capelinha de Nossa Senhora da Conceição no Alvorada virou escritório

A presidente Dilma em suas pedaladas de bike no Alvorada, com a capelinha de Nossa Senhora da Conceição ao fundo. Foto Orlando Brito

Com o processo de impeachment aprovado no Congresso, a presidente Dilma Rousseff teve de deixar o Palácio do Planalto, mas continuou residindo no Alvorada que, embora espaçoso, não dispõe de ambientes destinados a escritórios, justamente por ter caráter residencial. Para Dilma foi designada uma equipe de assessores. Porém, com a exiguidade de espaço, mandou-se que a bela capela em louvor a Nossa Senhora da Conceição fosse transformada em local para abrigar parte de seu staff. Situada à esquerda do Alvorada, a obra de Oscar Niemeyer contribui com a bela paisagem e obedece à mesma leveza visual de Brasília. Considerada obra de arte, faz parte da lista da Unesco como monumento arquitônico da humanidade.

Veja que curiosidade interessante: conta-se que, nos idos de 1957, no dia em que doutor Oscar apresentou o projeto do Alvorada ao idealizador da nova capital Juscelino Kubitschek, dona Sarah estava presente. Evidentemente, adoraram o desenho do palácio destinado a ser residência dos futuros presidentes do Brasil. A primeira-dama elogiou a beleza da obra, mas fez um pedido a Niemeyer.

Dona Sarah queria fazer uma homenagem à Nossa Senhora da Conceição, santa de sua devoção. Durante o encontro, Oscar tinha entre os dedos uma tirinha de papel enrolada. Então, ao ouvir a sugestão da esposa de JK, colocou a rolinho sobre a mesa e este se desenrolou. Pronto. Isto inspirou a criação do arquiteto. E lá está a tão bela capela, agora utilizada como escritório de despachos burocráticos.

JK e sua família puderam frequentar poucas vezes a pequena igreja dedicada a Nossa Senhora, pois logo em seguida, deixaram a Presidência. Seu sucessor, Jânio Quadros também não. Habitou o Alvorada pouco mais de sete meses, uma vez que o marido de dona Eloá renunciou em agosto de 1961. Jango e a bela Maria Thereza Goulart não moraram no Alvorada e, sim, na Granja do Torto.

No período dos militares no poder, o marechal Castello Branco, viúvo, realizava missas semanais, celebradas pelo então arcebispo de Brasília, Dom José Newton de Almeida Baptista. Já o presidente Costa e Silva e dona Iolanda, eram católicos fervorosos. Aos sábados, costumavam rezar na capelinha. O general Médici e a mulher Scila, faziam o mesmo. Ernesto Geisel, de origem alemã, era fiel à religião luterana e poucas foram as vezes em que entraram lá. No tempo de João Figueiredo, dona Dulce sempre convidava as amigas para missas dominicais.

O presidente José Sarney e dona Marly tinham o costume de reunir a família para a missa das oito, nos domingos. Fernando Collor, aos sábados, tinha convidados famosos, a exemplo das atrizes Claudia Raia e Isis de Oliveira e a cantora Simone. Itamar Franco era católico, mas não assíduo à igrejinha do Alvorada. Fernando Henrique sempre levava os visitantes para ver a bela peça da arquitetura de Oscar Niemeyer. Lula e dona Marisa Letícia algumas vezes frequentaram a capela.

 

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