As mudanças que o governo Michel Temer propõe na previdência social do Brasil é, segundo a grande maioria dos economistas e conhecedores do assunto, essencial para estabilizar a economia do país. Mas desse projeto depende, sobretudo, o futuro de milhões de aposentados. É tema, pois, que domina não somente o noticiário da mídia, mas também — em nome de aprová-lo no Congresso — envolve em consequência o jogo político entre partidos da oposição e da situação.
É assunto que gera discussão acirrada e abrange cada um dos parlamentares, a sociedade, sindicatos, centrais de trabalhadores, homens e mulheres em idade perto da aposentadoria etc.
A questão não é, porém, exclusividade do Brasil.
Nos Estados Unidos não existe aposentadoria integral para funcionários públicos e cada um dos beneficiados só pode receber até 44 por cento do último salário. No México, o pagamento mínimo é do equivalente a 330 reais; na Argentina, 1.200, e no Peru, 370.
Já na Alemanha, o governo pretende elevar de 65 anos de idade para 69, gradativamente até o ano de 2060, considerando o aumento da expectativa de vida dos cidadãos. Na China há 350 milhões de pessoas que recebem aposentadoria, mais do que, por exemplo, a população americana.
A Itália, os benefícios não ultrapassam os 500 euros mensais. Aliás, no Brasil nem tanto, mas em outros países, é comum os aposentados irem morar no interior para fugir do alto custo de vida das cidades de grande porte. Constatei isto de perto em todas as vezes que fui, por exemplo, à agradável e pequena cidade de Gubbio, na região da Úmbria, na Itália.
Chamou-me a atenção que nos fins de tarde dezenas deles reúnem-se nas pracinhas para curtir o passatempo predileto: jogar bocha. Dos 20 mil moradores de Gubbio, em torno da metade é de aposentados. Média muito parecida com a da própria Itália. Para cada contribuinte, existe um inativo.
Essa foto aí, na verdade, não mostra somente os momentos de lazer do grupo de velhinhos italianos. Abre uma janela para observar a economia global. Um dos objetivos dos governantes é equilibrar a entrada de novas forças de trabalho no mercado produtivo com o envelhecimento da população.
Em alguns países, constata-se a queda nas taxas de natalidade e o crescimento cada vez maior da expectativa de vida dos idosos.