A crise em consequência da repetida retórica de Jair Bolsonaro contra o Judiciário, o Legislativo, magistrados, instituições democráticas, etc. Acabou gerando outras crises. A marcante manifestação que substituiu a festa do 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios não terminou no dia seguinte. Centenas dos 12 mil de fãs do senhor que preside o País que lá compareceram permaneceram no gramado em frente ao Congresso e na avenida que dá acesso ao Supremo.
A intenção deles — dita em alto e bom som do alto de um trio elétrico — era, imbuídos pelos ideais de Bolsonaro, invadir a Praça dos Três Poderes e avançar com seus caminhões sobre a Suprema Corte. A Secretaria de Segurança do Distrito Federal montou esquema de proteção para contê-los. A situação alongou-se até o meio de dia dessa sexta-feira.
A carta que Jair Bolsonaro divulgou — aconselhado pelo ex-presidente Michel Temer para amenizar a situação que tomou extensão de perigo com bloqueios de várias rodovias em diversos estados — amenizou a crise. Por um lado. Por outro, agravou. Seus apoiadores sentiram-se traídos e abandonados no propósito dito por eles próprios de só deixarem a Capital do Brasil “após a saída do ministro Alexandre de Moraes”. Tornou-se clima de apreensão e impasse. Uma ameaça real que se estabeleceu no centro de Brasília, com chances grandes de conflito e tragédia.
Diante da obrigação para desocuparem a Esplanada dos Ministérios, os bolsonaristas entraram com recurso para lá permanecerem. Porém, com a negativa da Justiça, restou-lhes pouco a não ser deixar o local até então com acesso restrito à população, complicado para servidores que trabalham nos órgãos públicos ali situados e a ameaçador para outros trabalhadores.
Após marchas e contramarchas, ameaças, pressões e conversas, por fim, partiram com os veículos de grande porte a caminho de seus estados. Um deles, agricultor em Santa Catarina, recolhendo para o ônibus a barraca que instalara para ficar desde o dia que tomaram em caravana a Esplanada, dizia: — Chegamos com euforia, e agora saímos com a surpresa da mudança de posição de Bolsonaro. Nos sentimos abandonados. E traídos.