Sempre que se aproxima a data do casamento de celebridades, a atenção da mídia recai sobre vários aspectos da cerimônia. A curiosidade eletriza os especialistas em moda, admiradores da alta costura, colunistas de revistas que olham a vida dos famosos e de simples pessoas mundo a fora. Como será o vestido da noiva? Com que roupa o futuro marido estará? Como será a festa, o bolo de casamento, a decoração? Quem serão os padrinhos? As expectativas se repetem agora na Inglaterra, com o casamento do segundo filho de Ladi Di, o príncipe Harry, com a atriz americana Meghan Markle.
A respostas para todas essas perguntas estão na imagem. Na fotografia. E nos vídeos.
Mas, longe da suntuosidade dos casamentos milionários, é comum encontrar em qualquer lugar do mundo noivas e noivos posando para fotos nos cenários de cartão postal da cidade. Essa fotografia aí em cima é bom exemplo disto. Paris, cidade de tão rara beleza, pelos monumentos e pelos jardins, foi o cenário escolhido por esse novo casal para tirar retrato. É uma tradição que remonta aos anos 1800, nos primórdios do surgimento das câmaras fotográficas. Li nos jornais que a administração do Jardim Botânico, no Rio, passará a cobrar pelas imagens que fotógrafos e noivos fazem tendo como cenário os belos jardins floridos do lugar. Na verdade, em várias outras cidades de outros países o mesmo acontece.
Há cento e tantos anos, quando as câmaras eram ainda pesadas caixas de madeira, os noivos não podiam usufruir das poses usando o cenário da própria festa como pano de fundo. Como não havia câmaras portáteis, noivo e noiva tinham que se deslocar a um estúdio para a o momento das fotos. Ao invés do fotógrafo ir ao casamento, o casamento ia ao fotógrafo. Agora, na Era Digital, tudo mudou.
Ainda na virada do século XIX para o XX, o avanço da tecnologia mudou essa limitação. Com a invenção das câmaras portáteis, o fotógrafo é que passou a ir às cerimônias. Isto deu novo impulso e visual ao tradicional ritual das bodas. E, claro, também ao comportamento dos convidados, permitindo novos lances que passaram a ser incorporados incorporados ao cerimonial.
Hoje há famosos fotógrafos de casamento, especializados somente nisso. Conseguir agenda com eles é mais difícil do que vaga na igreja. Aliás, muitas cerimônias têm a data mudada em função do calendário do fotógrafo. E realmente o trabalho deles é perfeito. Tão perfeito que, dizem, muita gente se casa somente para tirar retrato. Claro, as imagens vão além de fotografias. São também vídeos. E feitos de vários ângulos, até dos céus, com os modernos drones.
As fotos de casamento se transformaram em uma boa janela para compreender o comportamento da sociedade através dos tempos. Elas contêm muito mais detalhes do que a gente pensa. É só olhá-las com maior atenção. Nas roupas, vê-se a evolução da moda. Tanto no vestido da noiva quanto no traje do noivo, na vestimenta dos convidados. E também nos doces, salgadinhos e outras comidas, o costume alimentar da época. Na decoração, o gosto dos anfitriões. Na face de cada personagem, a carga de emoção. São imagens que todo mundo gosta de ver, comentar, fuxicar.
Por exemplo, a brincadeira de jogar o buquê de flores para as amigas ainda solteiras e o ato de cortar o bolo, vieram dessa liberdade que as fotos de casamento adquiriram com o surgimento das câmaras portáteis. Também os bolos passaram a ter tratamento mais criativo, os confeiteiros passaram a caprichar no visual dos doces, da mesa. A oportunidade de tirar fotografias com maior facilidade fez também com que as noivas dessem às suas festas um andamento mais alegre e não menos emotivo. Uma festa para os modistas, os designers de roupas. E também das noivas, dos noivos, dos padrinhos, das daminhas de honra, convidados, de todos e tudo, enfim.
E lembrar que em outros Eras da humanidade, quando os casamentos aconteciam não propriamente pelo amor dos noivos, mas sim por interesses de Estado, das dinastias dos impérios e dos negócios de família. Ainda assim, quando nem se sonhava com a fotografia, a imagem do casamento era coisa importante. Havia pintores especializados em “mostrar” para os ausentes à cerimônia como foi a festa. Bem, isto demorava meses, anos. Mas era o que havia.
Não é a toa que as revistas de variedades jamais dispensam casamento das celebridades. Lady Di deu o que falar. Entrou para a história usando como moeda de sedução sua própria imagem. E começou com seu casamento com o príncipe Charles. Quem não se lembra daquela mocinha de olhar angelical arrastando um vestido de cauda longa entrando na Catedral de St. Paul, em Londres, para unir-se ao herdeiro do trono inglês?
Em 2011, a Inglaterra parou para ver as imagens do matrimônio do Príncipe William com miss Kate Middleton. Ela se casou com um vestido de noiva feito pela estilista Sarah Burton, da grife Alexander McQueen. Arrasou, segundo os especialistas no assunto. Tanto quanto o penteado que usou, copiado até hoje. Porém, não faltaram críticas à maquiagem, feita por ela mesma. No entanto, as fotos da noiva novamente fizeram o maior sucesso, realizado na suntuosa Abadia de Westminster. O príncipe William aguardou no altar a noiva Kate, com as cenas transmitidas pela tevê para o mundo inteiro, vistas por mais de dois bilhões de pessoas. Sete anos depois, Kate e William acabam de ganhar o terceiro filho, que será o príncipe Louis de Cambridge.
Foi a Inglaterra, aliás, que marcou o visual dos casamentos. Em 1840, a rainha Victoria trocou alianças com o príncipe Albert usando um véu de tom laranja sobre a cabeça, para quebrar a sisudez de seu vestido de cetim branco. Outras noivas de sua corte passaram a copiá-la inovando nas cores. O gesto passou a ser imitado por todas as mulheres do mundo que vão à igreja para selar o compromisso de núpcias diante de um reverendo. E de um fotógrafo.
E, discorrendo sobre esse tema, eu não poderia deixar de publicar essa impagável e histórica foto feita pelo amigo Evandro Teixeira, do casamento desse casal de caboclos em Paraty, no Rio de Janeiro.