Nesse dia 1º. de maio, faz 22 anos da morte do campeão de Fórmula-Um Ayrton Senna. Ele não sobreviveu ao acidente de que foi vítima na curva do Tamburello, no Autódromo italiano de Enzo Ferrari. O corpo do brasileiro que ficou conhecido como um dos maiores pilotos da história do automobilismo foi conduzido sua cova no Cemitério do Morumbi, em São Paulo, por outros astros do volante. Entre eles, Emerson Fittipaldi, o irmão Wilson e o sobrinho Christian, Alain Prost, Gerhard Berger, Téo Fabi, Damon Hill, Thierry Boutsen e dirigentes de várias escuderias. Além das personalidades famosas havia, sobretudo, pessoas simples, fãs, adultos e crianças.
É terrível fotografar o tormento de um indivíduo solitário que, por exemplo, perdeu seu único ente querido. E também a aflição de uma família com o falecimento de um parente, filho, mãe, pai, irmão. E, ao longo de anos da minha profissão de jornalista me deparei com isto. Mas dessa vez, estava diante de um sofrimento igualmente intenso, mas coletivo: uma nação inteira sepultar um ídolo.
Um jornalista tem de conter sua emoção diante dos fatos. Mas confesso que nesse dia nem eu e nenhum dos meus colegas cumprimos essa regra. Ainda no aeroporto de Cumbica, vimos o caixão de Ayrton ser coberto com a bandeira do Brasil. Já nesse momento sabíamos que estávamos numa cobertura onde o sentimento da perda e a conseqüente intensidade da dor marcariam imensamente a história do povo.
Desde o pouso do avião que transportou o corpo do campeão até a descida do caixão ao túmulo o silêncio só foi vencido pelo choro de seus admiradores. Vi de perto, pois estava no caminhão destinado para transportar os fotógrafos. Tinha-se a impressão de que toda a cidade de São Paulo saíra à rua para aplaudir e prantear o ídolo, no trajeto do Aeroporto de Guarulhos até o Cemitério do Morumbi. Tinha-se a impressão que, pela primeira vez, São Paulo parou. Imagine quantos milhões de brasileiros e estrangeiros de mundo a fora até hoje lamentam a morte de Ayrton Senna.
Orlando Brito