Fevereiro de 2015. O que mudou 17 meses depois na história do Brasil, de Cunha, Maranhão e Dilma

Eduardo Cunha e Waldir Maranhão, em 2 de fevereiro de 2015. Foto Orlando Brito

No dia 2 de fevereiro de 2015 os deputados Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, e Waldir Maranhão, do PP maranhense, tomavam posse como presidente e vice da Câmara. O plenário da Casa estava repleto de colegas seus, a maioria a aplaudi-los. O parlamentar carioca derrotou o candidato do Planalto, Arlindo Chinaglia, do PT de São Paulo, porque obteve 267 do total de 513. O paulista Chinaglia, recebeu 136. E o terceiro concorrente, Júlio Delgado, do PSB de Minas, 100. Houve dois votos em branco.

Embora já fosse considerado não aliado do governo, Cunha fez um discurso conciliador. Disse que, passada a disputa, não haveria de sua parte nenhuma retaliação. Foi um aceno de paz. Entendido do outro lado da Praça dos Três Poderes como gesto de fraqueza. Erro fatal. Naquela data, porém, ninguém podia prever que dezessete meses depois tanta coisa mudaria na trajetória de todos eles, na vida da presidente Dilma Rousseff e na história do Brasil.

Eduardo Cunha tornou-se ameaça constante e real para a permanência de Dilma à frente do Planalto. Uma sucessão de crises aconteceu e culminou com a adoção do processo de impeachment contra a presidente, que acabou sendo admitido na comissão especial da Câmara instalada para julgar seu afastamento e, em seguida, aprovado no plenário. Maranhão, nesse período, não apareceu. Ao contrário, trilhou seu papel de parlamentar do “baixo clero”, denominação tradicional para os deputados de importância relativa.

Nesse período, aflorou uma enxurrada de denúncias por participação em esquemas de corrupção contra Eduardo Cunha. Uma porção. Movidas por parlamentares contrários a ele e seus desafetos. Foi parar na Comissão de Ética. Hábil e conhecedor do regimento da Câmara, usou de infindáveis artimanhas para manter-se intacto. Entretanto, ações oferecidas pela Procuradoria-Geral da República o colocaram em situação difícil. Até que o Supremo Tribunal Federal decidiu por seu afastamento da presidência daquela Casa Legislativa. Nesse tempo também outro fator abalou o destino do Brasil: a Operação Jato. E, ainda, Michel Temer assumiu a Presidência.

Hoje, Eduardo Cunha está a um fio de perder definitivamente o seu mandato parlamentar. Por cassação ou renúncia. A presidente Dilma Rousseff também. Em breves dias, o Senado deverá votar seu impeachment. Já o vice Waldir Maranhão, se encontra em situação vexatória. É rejeitado pela grande maioria de seus pares. Não consegue presidir a Câmara.

Orlando Brito

 

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