A jovem médica Luana Araújo foi depor na CPI da Pandemia do Senado porque teve a maior recupercussão negativa seu desconvite para assumir uma secretaria extraornária no Ministério da Saúde, onde iria contribuir com seus conhecimentos enquanto infectologista às soluções para o surto da Covid. O titular da pasta, Marcelo Queiroga, teve o dissabor de comunicá-la a decisão de não mais nomeá-la. As suposições é que ela teve seu nome negativado pelo Palácio do Planalto.
Dispensada, restou à Dra. Luana agradecer em um vídeo a gentileza do chamado do senhor ministro e dizer que deixava sua relâmpaga passagem pela função de cabeça erguida e fiel às suas posições em relação ao que pensa sobre a pandemia da Covid. Para todos ficou evidenciado o conflito existente no comando do Governo Federal entre capacidade técnica versus preferência política.
Os senadores, então, a colocaram na lista dos depoentes que podem colaborar com o trabalho da Comissão de Inquérito, cujo objetivo é apurar quais as autoridades responsáveis pela má condução do crise do Corovírus que, no Brasil, já superou ao triste número de 460 mil mortos.
Ao contrário de alguns nomes convocados por serem suspeitos de contribuir com a má condução da crise, a convidada não demonstrou em suas palavras na CPI descompromisso com a verdade. Foi segura e precisa. Não cometeu evasivas nem contradições. Luana inicou seu depoimento aos senadores com um lamento: seriam necessários mais de 320 dias em silêncio para homenagear com um minuto de mudez cada vítima fatal em decorrência da Covid no Brasil.
Dra. Luana Araújo defendeu a testagem e vacinação em massa da população como fator essencial diante da pandemia; favorável ao uso de máscaras e do distanciamento social; percebeu a ausência de planejamento e coordenação das autoridades para lidar com o problema; criticou a polarização política da saúde e o afastamento de nomes qualificados para o trabalho; diz-se contrária ao uso do chamado tratamento precoce com a prescrição de medicamentos de eficácia sem comprovação científica, e ressaltou que ainda há tempo para formar equipes que possam dedicar-se a minorar os efeitos da Covid.
Ela é mineira e mora em Belo Horizonte. Luana Araújo formou-se em medicina na UFRJ, a universidade federal carioca, com especialização em doenças infectocontagiosas. Aprendeu a ler e escrever aos 2 anos. Aos 5, começou a estudar o primário e aos 15 concluiu o ensino médio. Foi estudar música na Áustria, onde dedicou-se ao canto e às aulas de piano. Violão, já sabia. Na Johns Hopkins University, em Baltimore, nos Estados Unidos, fez mestrado em saúde pública. A primeira brasileira a merecer a Apliccation Sommer, bolsa para conhecimento de higiene pública. Trabalhou em várias instituições de sua profissão. Por exemplo, no Hospital Copa D’Or e na Ficocruz, no Rio. Tem um blog na Internet — o DesInfectando — por onde se comunica com interessados em questões sanitárias. Fala fluentemente o inglês e o alemão. Torce pelo Cruzeiro e é casada com o fográfgo do clube, Bruno Haddad.
“Medicina é o bom senso, é a ética, é o dever cívico. Então você junta isso tudo pra fazer uma política de saúde pública que entregue às pessoas aquilo que elas precisam enquanto grupo. Então, quando isso é rompido por um interesse individual todo mundo sofre”… “Ainda estamos aqui discutindo uma coisa que não tem cabimento. É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular”… “Não sou dona da verdade, e não estou aqui sozinha. Represento uma classe de cientistas que com muito esforço levam seu trabalho adiante”…”Eu disse há um ano que estávamos na vanguarda da estupidez mundial e infelizmente ainda mantenho isso em vários aspectos”.
Após o depoimento da Dra. Luana Araújo, um senador comentou: – Ela não cabia mesmo do governo de Jair Bolsonaro!