A pressa do vice-presidente da República, Michel Temer, em definir um ministro da Fazenda com a missão de formar uma equipe econômica capaz de adotar de imediato um conjunto de medidas para reorganizar a economia, especialmente em busca do reequilíbrio fiscal das contas da União, é mais que justificada.
Como Temer deve assumir o governo sem os votos das urnas, não pode desperdiçar o apoio dos mais de dois terços da Câmara Federal que votou pela saída de Dilma para aprovar no Congresso um conjunto de medidas de estabilização da economia o mais rápido possível para evitar o desgaste junto à opinião pública. E mais: é preciso recuperar a credibilidade junto aos agentes econômicos, principais aliados na recuperação da atividade da economia e dos impostos para o Tesouro Nacional, fundamental para sustentação da máquina administrativa e dos programas sociais.
Os economistas Armínio Fraga e Murilo Portugal são os nomes que mais agradam Temer para comandar a Fazenda pela capacidade técnica, conhecimento da máquina administrativa e prestígio junto às instituições financeiras internacionais como FMI, Banco Mundial e BID. Caso o PSDB assuma um compromisso maior com o novo governo, fala-se até mesmo no nome de Gustavo Franco, um dos pais do real, e do economista Samuel Pessoa.
Michel Temer vai restabelecer a relação de comando da economia que foi adotada até a época de Antonio Palocci à frente do Ministério da Fazenda. Temer vai dar liberdade ao seu ministro da Fazenda de compor uma equipe econômica para dar soluções aos graves problemas da economia como desequilíbrio fiscal, inflação fora de controle, recessão e desemprego.
É que a recuperação da credibilidade da política econômica do governo só deverá ocorrer a partir do momento que os agentes econômicos estejam convencidos que as decisões nesta área não serão mais tomadas por interesses políticos da Presidência da República, mas sustentáveis em torno de conceitos econômicos e da boa gestão da administração pública.