O discurso do governo de aperto nos gastos em busca do equilíbrio fiscal omite o peso do desembolso com juros para rolagem da dívida pública federal. Esta despesa teve um crescimento significativo nos últimos anos por conta do aumento feito nas taxas de juros do Banco Central para controlar a inflação e o efeito do endividamento público, especialmente nas eleições de 2014.
A combinação destes dois fatores fez com que o gasto nominal com juros subisse de R$ 251 bilhões, o equivalente a 4,41% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014 para R$ 397,2 bilhões em 2015 — 6,72% do PIB .
Veja, caro leitor: o governo teve um déficit primário de R$ 118 bilhões em 2015, mas a dívida da União aumentou em R$ 513 bilhões apenas em um ano devido ao peso da conta de juros.
Aparentemente, o governo não menciona o peso dos juros no ajuste fiscal para evitar desgaste com os detentores dos R$ 3 trilhões de dívida do Tesouro. Ao déficit fiscal deste ano deve ser somado o pagamento estimado de R$ 321 bilhões (4,71% do PIB) com juros. Portanto, continua a galope o endividamento público, o que implica em mais gastos com juros no futuro. O único consolo é que em relação ao ano de 2015 o Tesouro estará pagando menos R$ 76 bilhões de juros nominais em 2017. Esta previsão de gastos poderá ficar menor, dependendo das novas rodadas de redução de juros do BC.