A expectativa dos gaúchos de que a exploração do carvão poderia produzir o equivalente da energia elétrica da usina hidráulica Itaipu-binacional, servindo de impulso ao desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, nos próximos anos, pode ficar só no papel.
A Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM) estima em 17 mil megawatts o potencial de produção de energia do Brasil a partir das minas de carvão conhecidas deste 1863, dos quais 89,25% estão em solo gaúcho.
A ex-presidente Dilma Rousseff, preocupada em aproveitar este potencial energético, mandou ampliar a produção de energia com a queima de carvão para dar maior segurança ao sistema elétrico em situação de queda da produção das hidrelétricas.
A Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), subsidiária da Eletrobras, recebeu investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhões para construção da fase C de Candiota, elevando a capacidade de geração de energia de 446 megawatts para 796 megawatts. energia gerada, quando não usada no mercado interno, é exportada para Uruguai e Argentina gerando divisas para o Brasil e tributos ao governo gaúcho.
Nas últimas semanas, no entanto, os ventos mudaram com ações de órgãos do governo federal que comprometem o futuro da CGTEE.
Duas das unidades de produção da empresa foram embargadas e multadas em R$ 75,1 milhões pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por violações dos limites máximos de vazão de efluentes e das taxas de óleos e graxas nas instalações.
“As usinas estão ajustadas deste janeiro de 2016 aos padrões de emissões atmosféricas, que são inferiores à poluição de veículos de cidades próximas a usina. Não identificamos a existência de óleo e graxa”, disse Francisco Romário Wojciki, presidente da CGTEE.
Romário Wojcicki recorreu da decisão do Ibama diante dos prejuízos milionários que terá pela frente caso não entregue a energia vendida. As duas unidades embargadas estavam produzindo cerca de 160 megawatts de energia, vendidos no mercado ao preço de R$ 214,00.
Independente desta ação do Ibama, a CGTEE também terá pela frente uma batalha para reverter um pedido de caducidade das unidades A e B da usina junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). As duas unidades, que operam desde a década de 70, deveriam ser desligadas devido a defasagem dos equipamentos, mas a Eletrobras fez um termo de ajuste de conduta em dezembro de 2017.
“Estamos adotando as medidas para manter o empreendimento em operação dentro dos padrões técnicos e ambientais mínimos exigidos, a fim de seguir com as operações até o final do ano que vem em função dos compromissos que assumimos no mercado”, disse Wojcicki.
Dada a importância do carvão para a economia do Rio Grande do Sul e a energia das usinas termoelétricas para segurança no sistema energético do país, o assunto vai bater à porta do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, pelas mãos dos políticos gaúchos, em especial dos prefeitos que temem pelo desemprego e queda de arrecadação com o fechamento das duas usinas.