Nos últimos dias o sentimento de confiança na retomada do crescimento vem perdendo espaço para o pessimismo devido à crise política que se instalou no Palácio do Planalto e o lento efeito das medidas de ajuste fiscal sobre a economia real.
As projeções divulgadas hoje pelas instituições financeiras são de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai encolher 3,49% neste ano e crescer 0,98% em 2017. Foi uma longa queda: o Ministério da Fazenda já havia chegado a estimar um crescimento de 1,6% do PIB no ano que vem.
O problema efetivo desta visão pessimista dos banqueiros é o papel que eles próprios têm na economia. Acreditando em menor crescimento, os bancos reduzem a oferta de crédito e elevam os custos do dinheiro para evitar calotes e com isso a economia tem maiores dificuldades de sair do atoleiro.
Mas, como sabemos, os banqueiros são pragmáticos. Na semana passada, dois deles — Roberto Setubal, do Itaú, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco — estiveram com o presidente Michel Temer, sugerindo medidas no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) para tirar a economia do buraco.
Muitos empresários que estiveram neste encontro ouvindo a defesa da PEC do teto de gastos e da reforma da Previdência defenderam medias adicionais de estimulo à economia, como linhas de crédito para o varejo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) para estimular o consumo diante do recuo dos bancos privados neste tipo de operação.
Com um olhar diferente, o ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, em entrevista ao Valor Econômico de hoje, defende um ajuste fiscal mais robusto para diminuir a pressão sobre a política monetária. Para atingir este objetivo, Fraga sugere a elevação de impostos ou redução das desonerações de tributos concedidas a grupos de interesse.