Ainda é muito cedo para dizer que se é ou não consistente o movimento de fuga de capitais estrangeiros do Brasil, como vem ocorrendo nestes três dias. Mas isso pode alterar a trajetória de que de juros do Banco Central e complicar o controle da inflação.
É que, com a vitória de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, houve uma corrida para venda de títulos públicos do Tesouro Nacional, de renda fixa e ações da bolsa de valores por estrangeiros. Com isso houve aumento na procura por dólar e o seu preço subiu. O efeito inverso ocorreu com os títulos do Tesouro: com maior oferta de títulos no mercado, seu preço caiu. E as taxas de juros para quem vai comprar subiram.
Se este comportamento se mantiver no longo prazo, o Banco Central terá que rever sua política monetária e cambial para trazer a inflação para a meta traçada para 2017. Isso porque, se o Real continuar desvalorizado, é ruim para o controle dos preços e as taxas de juros terão que ser usadas para atrair recursos externos a fim de financiar parte da dívida bruta da União, que anda em torno de 68% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas é bom lembrar que a valorização do dólar, que parece que veio para ficar, pode trazer efeitos benéficos para os exportadores, especialmente da cadeia do agronegócio e indústria voltada ao mercado interno. Neste último caso, os consumidores devem dar preferência a produtos nacionais, mais baratos do que os importados.
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, terá que sair da zona de conforto de seu plano para trazer a inflação à meta a fim de lidar com um novo quadro na economia mundial, ainda incerto.