Henrique Meirelles vai integrar a equipe de Michel Temer não só como ministro da Fazenda, mas também como um candidato potencial à Presidência da República, junto com José Serra, Aécio Neves e Marina, tendo em vista que o atual vice-presidente não pretende concorrer à reeleição de 2018.
Meirelles terá desafio semelhante, mas não igual, a Fernando Henrique Cardoso quando assumiu a Fazenda e acabou com o processo inflacionário do país com a criação do Plano Real em 1994.
Meirelles terá que controlar a inflação, equilibrar as contas públicas e fazer a economia retomar a trajetória de crescimento para conquistar, entre outras bandeiras, a da criação de empregos. Isso tudo vai depender de uma equipe econômica com capacidade de formular soluções criativas para mitigar as perdas que deverão ocorrer para os segmentos mais pobres da população.
É intrigante para economistas de diversas tendências que, mesmo com as atuais taxas de juros de 14,25% e a queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois anos seguidos, a inflação não tenha caído. O desequilíbrio fiscal e a indexação de muitos preços da economia, como tarifas públicas, são algumas das explicações para baixa a eficácia da atual política monetária do Banco Central de controle de preços.
Sem falar que o país possui reservas internacionais, e paga um custo alto, que é a diferença das taxas de juros internas e as externas que são de quase zero ao ano. As nossas reservas são o equivalente a dois anos de importação, quando o recomendável pelo FMI é de apenas 4 meses. Este custo fiscal somado às gastanças dos últimos anos fez explodir o déficit público.
À frente do ministério da Fazenda e na condição de candidato à Presidência, Meirelles estará sujeito ao corredor polonês dos seus potenciais adversários ou dos eventuais erros na condução da política econômica, uma vez vai trabalhar com carta branca. Se der errado, Temer irá dividir a culpa com Meirelles e terá a autoridade presidencial preservada para substituí-lo. Se der tudo certo na política econômica, Henrique Meirelles será um candidato forte à Presidência da República, como foi FHC.