Melhoram as expectativas com a redução de 0,50% da taxa básica de juros do Banco Central, mas seus efeitos sobre o crescimento da economia são de longo prazo e de baixa intensidade. Muito mais efetiva para estimular a atividade econômica seria a liberação dos compulsórios e o uso de parte das reservas internacionais. Com a efetiva injeção de dinheiro em circulação, seria ampliada a demanda agregada da economia.
O aumento do consumo levaria a geração de novos empregos e ganhos salariais mais elevados. Com isso, os empresários voltariam a investir para atender este mercado consumidor, criando assim o ciclo econômico virtuoso. O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que já passou pelo Banco Central, afirma com toda a razão que o Brasil só voltará a crescer de forma sustentável com a redução do desemprego e a melhoria da renda dos brasileiros. O instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o número de desempregados caiu para 12,8 milhões e que mais 7,4 milhões de brasileiros vivem em situação de subempregos. Os governantes precisam é adotar de imediato medidas efetivas que possam reduzir estes níveis vergonhosos de desemprego de um País que ainda tem tudo por fazer e precisa se modernizar.
A redução da taxa de juros de 6,5% para 6 %, na realidade tem mais impacto para os banqueiros e pessoas que ganham a vida nesta ciranda financeira. É verdade que algumas pessoas que investem hoje em papéis do Tesouro Nacional vão atrás de aplicações mais rentáveis, como fundo de renda variável, ações e atividade produtiva. Agora, para o consumidor e o empreendedor descapitalizado, esta redução de 0,25% no custo do dinheiro para o empréstimo que vai tomar em um banco não significa nada, tendo em vista os elevados spread bancários cobrados pelas instituições financeiras.
O que efetivamente pode contribuir para a redução do custo final dos empréstimos bancários é a liberação dos compulsórios para elevar a oferta de dinheiro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a anunciar a liberação de R$ 100 bilhões destes depósitos dos bancos junto ao Banco Central. Estes recursos dos nossos depósitos à vista têm custo zero para os bancos, se não precisam deixar recolhidos no Banco Central podem ser emprestados a uma taxa de juros menor ao tomador final. O Banco Central utiliza deste instrumento monetário para potencializar o efeito das taxas de juros quando deseja retrair a economia. O Presidente do BC, Roberto Campos Neto, por achar que esta decisão não cabe ao ministro Paulo Guedes, ignorou o assunto. Mais cedo ou mais tarde, no entanto, terá de liberar os compulsórios se de fato o BC acredita que esta sua política de queda de juros veio para ficar.
A segunda medida seria a liberação de cerca de US$ 140 bilhões, de um total de US$ 380,3 bilhões das reservas internacionais do Brasil. Estudos feitos pela diretora do programa de estudos latino-americano da Johns Hopkins University, Mônica de Bolle, com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), indicam que o Brasil poderia liberar estes percentuais de reservas sem qualquer risco de corrida cambial, tendo em vista que mantém aplicado no exterior e mais que suficiente para honrar seus compromissos com a balança comercial e serviço da dúvida externa.
Hoje os custos das reservas equivalem a taxa média de remuneração dos papéis do Tesouro Nacional da ordem de 9,44% ao ano, muito superior as receitas obtidas com aplicações em títulos no exterior, onde as taxas de juros são muito baixas.
Ao trocar este montante de US$ 140 bilhões dólares por reais e usá-los para constituir um fundo de investimento de infraestrutura estará economizando dinheiro com os juros pagos aos papéis do Tesouro e ajudando a ativar a economia, uma vez que são as obras que vão gerar negócios e empregos aos brasileiros.
A realidade é que o momento atual exige ações mais efetivas para expandir a oferta de moeda e crédito a fim de elevar o consumo, investimento, empregos e renda.