A inflação de serviços é hoje o calcanhar de Aquiles da batalha do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfjan, para controlar os preços da economia. Mesmo com juros de 14,25%, 12 milhões de desempregados e dois anos seguidos de recessão forte, os preços do segmento de serviços continuam pressionando a inflação.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) fez um estudo apontando algumas causas que podem explicar este fenômeno:
1) A maioria dos serviços com preços controlados pelo governo ainda registra inflação bem acima da meta (de 4,5% ao ano), em virtude do ajuste dos preços feito em 2015, como energia, ônibus, táxi, trens.
2) Há serviços, cujos preços são formados livremente no mercado, que estão com inflação estável ou subindo em grande medida por choques de custos de energia elétrica, serviços bancários, escolas, refeição fora de casa, exames médicos, e que simultaneamente são difíceis de substituir no orçamento doméstico.
3) Por outro lado, há serviços que estão com queda de preços, que são aqueles que essencialmente remuneram o trabalho, como médico, dentista, psicólogo, transportes escolar, conserto de automóvel, conserto de eletrodomésticos, mão de obra de serviços de residências, manicure, etc.
Os economistas do Ipea ainda estão tentando entender exatamente a extensão dos referidos choques de custo e impacto do câmbio, mas dizem que a inflação de alimentos impacta os serviços de alimentação fora de casa, aumentos de energia afetam os custos das escolas e desvalorizações da taxa de câmbio afetam serviços com muitos insumos importados e alguns alimentos.
“A maior parte dos serviços apresenta salários decrescentes, nos últimos trimestres, o que nos leva a crer que a resiliência da inflação de serviços se deve aos referidos choques de custo e inércia inflacionária”, disse a Os Divergentes o economista Claudio Hamilton Matos dos Santos.