O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que o fato do Brasil ter por muitas décadas aumentado suas despesas reais afetou a área monetária, desembocando em juros altos por um longo prazo.
“O estrago é grande. Não dá pra consertar com tempo curto”, disse Ilan Goldfajn em uma conversa informal em um café da manhã com jornalistas de Brasília.
O trabalho feito pela atual diretoria de recuperação da credibilidade junto ao mercado, o que é tratado como ancoragem das expectativas, é uma das medidas para corrigir os estragos na eficácia da política monetária.
Ilan Goldfjan também disse com todas as letras: em função da queda do nível da atividade da economia, da inflação e do cenário externo será possível uma redução maior das taxas de juros em 2017. A decisão não foi tomada na última reunião do Copom por dúvidas de alguns diretores do BC.
“Ganha-se esse espaço de intensificação da flexibilidade a partir da capacidade de ancorar as expectativas. É como um investimento que nos permite ter juros mais baixos sustentáveis e por mais tempo”, disse Goldfajn.
O presidente do Banco Central também considera importante a aprovação das medidas de ajuste fiscal no Congresso para o país sair da crise.
“Desde que assumiu, o BC teve bastante avanço. A gente vê indicadores financeiros melhores, as reformas estão andando, o governo consegue aprovar importantes decisões no Congresso”, disse.
Por fim, ao ser questionado sobre os efeitos na economia da crise institucional do Senado com o STF, respondeu: “Agora é preciso ter menos emoções, não é? Claro que o STF afeta. O que o mercado financeiro esta querendo ver é se o governo continuará a trabalhar em torno das reformas. Gera volatilidade, tem gente que ganha e gente que perde. Agora acaba ficando à flor da pele”, disse Goldfajn.